Sonetos : 

«« Mágoa ««

 
Acordei, com a preguiça de quem quer ficar
Por entre os lençóis do esquecimento
De quem quer por um breve momento
Esquecer-se de si, tentando sonhar

Que morreu, e um dia ao ressuscitar
Trará umas asas, e voará solta no vento
Ou será uma barra de frio cimento
Onde a mágoa deslize sem acentuar

Os pontos fracos de quem sonha alto
De quem se esquece que é um naco de nada
De quem tropeça no insípido asfalto

Do mais, acordei imaginando-me arrastada
Por breves instantes despi-me de mim
Tão breves e tão leves, fui uma árvore tombada

Antónia RuivoOpen in new window



Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
Autor
Antónia Ruivo
 
Texto
Data
Leituras
781
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/10/2009 09:41  Atualizado: 19/10/2009 09:41
 Re: «« Mágoa ««
Há muito não lia um poema tão bom por aqui.
Gostei imenso.
Uma paleta de muita coisa por aqui descrita.

A última frase fez-me lembrar uma frase que fixei e não sei porquê, quando li uma edição de bolso do livro: As Ondas de Virginia Woolf, livro que me levou um ano ou dois a acabar, com muitas interrupções: "tomam-nos por árvores caidas", frase inspirada que descreve quem, nem que seja por momentos se deixa estar de braços caidos, derrotado por algo ou por muito...

Gostei.

Bjs.

Enviado por Tópico
Branca
Publicado: 19/10/2009 19:28  Atualizado: 19/10/2009 19:28
Colaborador
Usuário desde: 05/05/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3024
 Re: «« Mágoa ««
Ora pensamos ser grande coisa, mas há o momento da realidade, acordamos, e vemos, somos "um naco de nada".
Lindo soneto.
beijo