Escreva-me quando não restar mais luz em seus dias
Quando a tristeza encobrir seu coração
E as lágrimas insistirem em rolar sobre a face
Escreva-me quando não houver mais vida em seu olhar
Nem ânimo em suas palavras
Escreva-me dizendo da saudade
Da vontade, da dor e da ausência
Escreva-me quando o mundo restar pequeno
E em seu peito permanecer um espinho cravado
Uma imensidão lá fora
E entre pessoas e rostos
Um vazio, uma falta...
Escreva-me mesmo que nada tenha a dizer
Mesmo que sua fala mal consiga sair
E sua letra tremida pulsar a mágoa
Fala-me daquilo que não mais acredita
Da incompreensão, do descaso com seu amor
Do que todos fingem não ver e você arde em febre
Quer muito mais que um sonho imaginar
Sente que não pode ser em vão
Lutar para nada alcançar?
Escreva-me mesmo assim
Quem sabe eu preciso da sua voz
Suas lágrimas, seu olhar...
Escreva-me mesmo assim
E lhe direi a verdade
Que seu mal foi amar demais
AUTORIA: FERNANDA DE SÁ E B. CARNEIRO