Si cada día cae dentro de cada noche, hay un pozo donde la claridad está encerrada. Hay que sentarse a la orilla del pozo de la sombra y pescar luz caída con paciencia.
Pablo Neruda, El mar y las campanas (Obras completas, III, p. 931)
O dia cai sem espera e triste como uma despedida sem adeus A luminosidade se encerra tímida escondendo-se atrás do anoitecer que se anuncia num prenúncio de solidão
A noite chega e o dia cobre com seu manto de névoa Breu e silêncio se instalam Na casa vazia e sem rostos
O corpo inerte queda só abraçado pela escuridão sombria Olhos obscurecidos pelo medo na ausência que devora e corrói
Espectro humano que assombra na pungência de sua dor Em sua aparência esquálida onde o amor um dia habitou
A dor da perda se funde no escuro do ambiente Nesse ser quase humano que da vida se apartou
Um poema triste e doce, como a saudade sofrida, a solidão definitiva. A que apenas a poesia refrigera. Abeçoada poesia, feliz poeta que assim sabe sofrer.