Porquê continuar?
Porque continuo eu, a procura do que sei que jamais irei encontrar, mas que sinto que se o deixar de o fazer, a minha vida passará a ser mais desconfortante, do que viver amarrado na solitária das minhas próprias duvidas e receios?
Porque mereci tal dom, tal maldição, tal diferença?
Porque não sou mais uma formiga ingénua e feliz, espontânea mas previsível, alegre e completa?
Porque sou cobarde demais, tão cobarde que me impossibilita de terminar a arte da minha existência, e impor-me a mais um dia de padecimento, já que é um quadro cuja as cores não existem, e muito menos pincéis capaz de a pintar?
A verdade é perfeita, a verdade é inquestionável, a verdade é tudo aquilo que quero, a verdade é tudo aquilo que prefiro temer do que desconhecer.
Quero por dúvidas onde elas não cabem, sendo infeliz por ter o desejo de verdade, mas que perante ela, não a sabe distinguir de mais uma simples falácia, uma simples mentira, ou mesmo, um simples testemunho do que outrora fora verdade.
Nunca acreditei no destino, numa força superior. Talvez por ver demais, ou talvez por não ver nada a não ser um manto de profunda reflexão que me impede de visionar o que está ao alcance de todo o normal sujeito.
Já não quero pensar, já não quero ser quem sou, já começou a preferir ser quem fui, do que ser quem a água já carrega no caminho que flui pelos vales do tempo.
Quando mais sei, cada vez me é mais claro que ao aglomerar mais sobre tudo, menos sei. A pergunta é tão simples de pronunciar, mas tão difícil de conceber. Porque tive eu, a aptidão de conseguir determina-la, mas não conseguir resolve-la?