Está a chover.
Lá fora, o céu está sem cor e troveja
Eu escrevo as minhas impressões.
Dentro de mim, não chove nem troveja
Mas o ar é sufocante
Como presságio de Temporal.
Eu escrevo para ler o que escrevo
E sentir o que leio…
Rebolo-me no tempo Passado
E não lhe encontro a volta
Espreito o Futuro
E não lhe alcanço a Sombra.
Vejo os meus filhos
E os filhos dos outros
A crescer
E pergunto ao céu
Quantos deles
Terão a noção do Futuro…
Que pensarão os nossos filhos
De nós?
Que pensamos nós do Mundo?
Continua a chover…
Se rio alto, não tenho vontade de o fazer!
Se choro, não sei porque choro!
E nesta falta de clareza
Que existe em Mim
A alma adoece de tristeza e medo.
Tenho medo de um dia
Não ter medo de mais nada!
O Tempo corre e nunca se repete
Mas a alma não…
Por isso, sinto esta demora
Esta perda de Vazio
Lá fora, continua a chover…
Manuela Fonseca