Poemas : 

O TELEJORNAL

 
O TELEJORNAL

Não interessa o canal
Em que veja televisão
O telejornal é ponto alto
Do início de um serão

E é á noite ao jantar
Saboreando a refeição
Que saboreio a notícia
Conforme a ocasião

Olá, sejam bem vindos
Nos diz o apresentador
Que hirto e ali sentado
Tudo nos diz sem pudor

Na estrada o desastre
Vemos o carro amolgado
E focam com pormenor
O sangue por ali deixado

Retenho a colher de sopa
E olho a mesa arrumada
Pois é nela que eu viajo
É ela a minh’ auto estrada

Vejo na colher o microfone
Do repórter, que a gaguejar
Nos diz que onde se encontra
Está tudo de pernas pró ar

Mostram um rio pestilento
Que contamina a nascente
Também desconfiado olho
O copo que tenho em frente

Há guerras e assassínios
E mais um rapaz violado
Que me dá logo vontade
De por o prato de lado

Olho o bife desconsolado
Quando num lado qualquer
Uma vaca louca é abatida
E desconfiado poiso o talher

Olha a faca engordurada
Quando o repórter sensação
Diz que alguém foi esfaqueado
E mostra o sangue no chão

A tal notícia de sensação
Não é dada a conhecer
Esperem mais uns minutos
Que de pois é que vão ver

Vermelhinha é a maçã
Que escolho com cuidado
Mas como é cor do sangue
Ponho - a logo de lado

E lá vem o intervalo
Uff digo, até que em fim
Que aquele olhar hipnótico
Deixou de olhar para mm

Compre isto e mais aquilo
Nos dizem com facilidade
E olho as paredes da casa
Que pago com dificuldade

Tretas, tretas e mais tretas
Nos impingem em profusão
E cansado de tanta treta
Mudo o canal na televisão

Nesse então é uma senhora
Que de sorriso muito aberto
Diz que o segredo de justiça
Ela já pôs a descoberto

Já acomodado no sofá
E sem nada ter jantado
Oiço a ministra dizer-me
Assim sim, é ser poupado

Abri a boca sonolento
Talvez de fome ou sono
Apaguei a televisão
E pus a todos com dono

Como o sono não paga
Ainda nenhum imposto
Fui para a cama dormir
Ainda um pouco indisposto

Sonhei então com o pivot
E com a notícia sensação
Que teria que pagar imposto
Quem não visse televisão

No sonho mudei de canal
Onde ouvi dizer um senhor
Vai ser lançado novo imposto
A quem ame ou faça amor

Acordei de tal pesadelo
E tendo a amada ali á mão
Acordei-a e, com desvelo
Fizemos ambos televisão

De notícia em notícia
A tal notícia sensação
Só a demos de madrugada
Cansados até mais não



delgado




Sou desenhador,pintor e poeta e, nas minhas poesias tento desenhar e pintar os meus pensamentos

 
Autor
Delgado
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