Uma antiga mania
me traz à lembrança
cantigas, trovas e melodias
de um tempo distante,
Ainda presente na memória
na espiral de minha história
que me recordam andanças,
mudanças e esperanças
Sussurram feito água doce
que brota mansamente na fonte,
e segue o seu destino formando
riacho, lago, igarapé, rio...
É esta mania de assoviar...
Como a imitar o ruído
tão prazeroso da brisa
que da montanha descia,
Vinda do morro do Corvo,
no vale onde nasci – Santanésia -
como a quebrar o silêncio
na noite deserta e fria
Vendo o ar expirado se condensar,
desenhando fantasmas no vento
contemplando a energia que chega,
inspira, fluí e se deixa expirar...
Nestes tempos de mudanças
de convívios, bálsamos e alívios,
de correntes, frentes e mentes,
eis que redescubro o assovio,
Quando ao cair da tarde,
mansamente ao crepúsculo,
admiro o sol que o caminho
ilumina em todos os meus dias.
Percebo que tenho o privilégio
de ser convidado a participar
desta grande festa cósmica,
e nela integrar-me, fundir-me,
Como minúsculo grão de areia,
humildemente atendo ao chamado,
e me junto à multiplicidade
e diversidade de seres,
Capazes de imantar-me
e de me transmitirem paz,
harmonia e serenidade
solidariedade e fraternidade.
Sinto que junto a eles poderei
Com fé prosseguir a caminhada,
em mais um ano que se aproxima,
reafirmando valores e compromissos.
Ao fazer nova volta na espiral do tempo,
Interrompo brevemente o assovio,
Para estar receptivo ao sopro vital
que vem dessa vibrante gente humana,
Esta energia necessária para seguir
tocando a vida em frente,
em busca do contínuo aprendizado
e a desejável evolução espiritual,
Somente é possível por existirem
elos desta mesma corrente cósmica
que nos mantém vivos, estes elos são
as pessoas de nossa vida de relação!
(2001)
AjAraújo, o poeta humanista, escrito na passagem de ano, em dezembro de 2001, repaginado em dezembro de 2012, em Montreal, Canadá.