Ao menino palestino…
Um conto real, tragédia, reflexão e exortação.
...queria dizer algo,
mas a palavra ficou presa na garganta
quando hoje liguei a CNN e vi aquele rosto de menino,
sem o típico brilho da alegria,
de uma infância que está sendo abortada, ante os escombros do que seria uma casa, na Palestina.
Perplexo, fiquei a pensar:
Existe algo que se possa fazer?
Se existe, então façamos, ainda que manifestemos nossa indignação, não assistamos incólumes, silenciosos, a violência que se abate sobre o mundo.
Aqui, ali ou acolá, outros meninos e meninas na primavera da vida, divisam o inverno, colhidos pela fria insensatez dos homens, tolhidos feito botão arrancado em flor.
Em que se transformarão as sementes do amanhã, do novo porvir da humanidade?
Permita-me emprestar-te meus olhos,
pois as palavras já estão presas
àquele cruel momento.
Transmito-te um pouco do sentimento
de um coração que quer juntar-se ao teu e ao de outros,
para irrigar o árido solo da existência humana,
certamente se juntarmos nossa voz, em um só libelo, a tantas outras,
poderemos ecoar em um forte grito.
Mas eu só queria te mostrar algo...
Que havia escrito, mas que gostaria
de ter feito por aquele menino,
talvez seja pouco,
mas é algo que precisa ser dito,
por isso veja este verso na forma de lamento.
Há sempre algo possível de ser feito.
Há sempre algo...
...há sempre algo
a dizer
a fazer
a lembrar
a clamar
talvez algo ainda não tenha
sido dito
sido feito
sido lembrado
sido clamado
ou quiçá algo venha
silenciar
deixar de acontecer
levar a esquecer
calar, amordaçar
talvez algo deva
irromper em eco profundo
tirar da inércia o mundo
rememorar a dor
desatar os nós, para ouvir os gritos da flor
Pois, há sempre algo
que você pode dizer
que você pode fazer
que você pode lembrar
que você pode clamar
talvez algo brote
na palavra semente se você ousa germinar
na palavra força se você somar-se a corrente
na palavra fé se você ousar acreditar
no grito se você está alerta e nas mudanças crente
ou quiçá algo toque
em suas cordas vocais e aflore a melodia da paz
em sua mente e desvele seu inconsciente coletivo
em sua alma e revele a Presença do Deus vivo
em seu coração e irradie o amor em sua expressão
solidária, humana e então se irrompa a luz...
talvez ainda algo suceda
no canto dos homens,
se nele toma sua parte
e toca seu instrumento,
formemos uma orquestra
na tarefa humana de reconstrução,
se você está disponível feito tijolo, tornamo-nos segura moradia
o despertar da espiritualidade,
se você se imanta
desta mesma energia cósmica,
lograremos harmonia
no bater do relógio vital,
se você feito rio recebe
afluentes e conduz ao mar,
retornamos a magia...
...mas, se ainda existir algo a...
{crie, faça, diga}
talvez algo....
{questione, medite, pense, reflita}
Experimente, ouse, desafie!
Diga, fale, grite!
Ainda que uma só voz,
um só grito ecoe no deserto,
os montes de granizo se multiplicam
pelo mágico eco,
Faça, aconteça, se permita ser
Em sua dimensão cósmica!
Você é parte de tudo,
tudo em você está presente,
A força motriz dos ventos,
dentro de você sopra
A história do mundo,
em você se reafirma
quando em contemplação,
seu ciclo de evolução percebe
Ainda que as turbulências dos tempos
te inquietem,
você pode divisar o horizonte
e sua eterna chama!
AjAraújo, escrito a respeito da tragédia do pai e o filho encurralados na Palestina durante combate em rua, na qual o menino foi mortalmente vitimado, apesar dos inúteis apelos e tentativas do pai, eles não eram soldados, eram civis. Em 25/10/01.
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Re: O menino palestino - saga de uma tragédia.
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