Poemas : 

NO BAR

 
todos aqui aprendem desde cedo
a conviver entre a fumaça e o sono
e são de si o estúpido arremedo
do cão vadio órfão de seu dono

trazem nos bolsos luas de brinquedo
fazem descaso do próprio abandono
da boca de um escapa um verso azedo
um outro quer verão em pleno outono

alguém tropeça no tropeço alheio
a mão pesada acerta um rosto em cheio
e voam copos cadeiras e mesas

não tarda a calma volta de repente
no prejuízo o que ficou sem dente
brinda à saúde de suas tristezas

_____________________

júlio

http://currupiao.blogspot.com/
________________________


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
Texto
Data
Leituras
1598
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
15 pontos
15
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 14/10/2009 08:44  Atualizado: 14/10/2009 08:44
Usuário desde: 22/08/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 3357
 Re: NO BAR
neste poema encontro o permanecer dos dias sem presa, não é fácil comentar-te.

beijo



Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 14/10/2009 09:47  Atualizado: 14/10/2009 09:53
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: NO BAR
Este bar, faz-me lembrar as nossas tabernas de aldeia (ou tavernas ou tascas) hoje pomposa_mente chamadas "café". E é bem verdade, todo esse fumo, todas essas pielas (bebedeiras) mal digeridas (insuportáveis), todo o vício opressor, todo o barulho, todas essas zaragatas por tudo e por nada...
Percebo que o meu amigo vive tudo isso na pele por opção própria e até acredito que exista quem encontre ali poesia, e até inspiração poética - Pessoa por exemplo - mas a mim tudo isso me aborrece, embora aprecie um bom jogo de cartas. (E quase já sou vou ao café pelas cartas, pelo jornal ou pelo jogo de futebol que dá em canal codificado).
O soneto está muito bem documentado e teria nota máxima se não fosse uma pequenas imperfeições na sua métrica.
Não veja nas minhas palavras uma crítica, mas antes, a minha maneira de interagir e de fortalecer o apreço que tenho por si.
Não me esqueço que lhe devo um soneto, mas eu gosto de criar sem pressões (aliás tenho comigo uma particularidade - leia-se "debilidade" - Sou incapaz de criar sob pressão) e um dia destes arranco por aqui um soneto de se lhe tirar o chapéu... rss
Grande abraçooo!
Abílio


Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 14/10/2009 10:33  Atualizado: 14/10/2009 10:33
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: NO BAR
Retrato a nu!

Não é prejuízo algum beber no copo dos seus poemas!

abraço


Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 14/10/2009 12:10  Atualizado: 14/10/2009 12:15
Administrador
Usuário desde: 15/02/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 3764
 Re: NO BAR
a boémia descrita ao seu mais alto nível.parece a cena de um filme português a preto e branco, em que o realizador, neste caso o poeta não limita a captar aspectos exteriores, mas sim penetrar os seus sentidos.


beijo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/10/2009 14:06  Atualizado: 14/10/2009 14:06
 Re: NO BAR
partilho esse entusiasmo pelos bares & outros antros, julio. um belo retrato.

salvé

mario


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/10/2009 21:56  Atualizado: 14/10/2009 21:56
 Re: NO BAR
os melhores clientes são sempre os mais chatos e tempo é dinheiro.
imagens e memórias,
gostei.
abraço amigo Júlio.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/10/2009 22:37  Atualizado: 14/10/2009 22:50
 Re: NO BAR
foda-se os puristas, a métrica e o cacete. o que está valendo é que eu senti os cheiros de sarros de fumo, chope choco no chão e de gordura rançosa nos azulejos desse maldito bar. quero mesmo é que esse soneto fique grudado nesse balcão peganhento, para que os que chegarem leiam o que é uma poesia, e brinde "à saúde de suas tristezas" e alegrias.

beijo amiguirmão.


Silveira