Lágrimas de Prata II
Hoje acordei gelado
um misto de sangue e orvalho na cama
lágrimas vazias devotas do abandono.
Refugiei-me no Requiem e na voz luminosa das clareiras iluminadas pelo luar.
Vinguei-me da noite insana
fui veloz na ânsia pelo encontro
fui águas sujas, poluídas pelo pensamento de desejo
sou ave insana
relíquia da Pérsia antiga,
depósito dos prazeres esquecidos.
Sou prata antiga,
fotografia em estilhaços,
vazio, como um frasco perfumado de incensos.
Sou lume ardente,
chama oculta
doce no toque humano,
fiel ao pacto imerso na emoção.
Sou lágrimas de prata,
lágrimas,
de nada preenchidas,
cheias do odor dos ventos,
da neblina agreste nos meus olhos,
lágrimas de prata,
colhidas nos ventos,
em manhãs desconhecidas.