Não sei o que é feito de mim
Não sei sequer quem sou
Sei que hoje estou aqui
Amanhã estarei ali
É tudo o que sei de mim
Se alguém me reconhecer
Nas ruas ou vielas por onde passo
Peço-lhe o favor de me dizer
Afinal quem sou
Afinal onde estou
E que ando cá a fazer.
Mas eu quero ser alguém na vida
Não quero andar sem ter guarida
Viver na sociedade à qual pertenço
Ter uma guitarra e uma voz para o fado
Sei que sou de Lisboa, logo sou fadista.
Mas se não sei cantar
Alguém que me diga
Tu não és artista.
Triste, não saberei que fazer
Fado e guitarra são utopia
Talvez seja toureiro a valer
Mas se também não for
Então é o melhor
O melhor é morrer.
Mas ainda sou jovem
Quero viver a vida
E homem eu quero ser
Para mostrar ao Mundo
Mesmo estando no fundo
Quero ter o meu querer
A. da fonseca