Poemas : 

Cento e onze palavras

 
Não sei contar as palavras, mas sei que são cento e onze
têm que ser cento e onze, não podem ter outro número
porque são apenas palavras, libertas, perdidas e magoadas
que sofrem de um silêncio transparente que ninguém vê
que ninguém lê, e são sempre palavras, as mesmas palavras
descobertas, fechadas, caídas ou abertas, são sempre as mesmas palavras
feitas do mesmo mistério, do mesmo riso e até da mesma histeria
que brindam cada olhar. Há sempre um novo olhar.
Mas as palavras continuam a ser as mesmas – cento e onze palavras!

Conta comigo as palavras, do princípio até ao fim
conta-as com cuidado, devagarinho, para que não te enganes
e quando as contas, as palavras, sempre as mesmas, estás pertinho de mim
mergulhada na minha secreta essência sem que te apercebas
é que em cada palavra há um bocado de alma e, com calma, talvez a sintas
talvez lhe toques ou oiças o murmúrio do avesso que se esconde assim
tão perto do longe. É que, na verdade, não há longe, mas apenas palavras.
Agarra este papel e guarda-o. Contem a mensagem para mais tarde decifrares
nele, o papel, estão mais que palavras estão os teus caminhos traçados.

Amanhã estarás de novo envolvida nesta mensagem, atordoada, mas não convencida
não saberás se contaste cento e onze palavras ou se leste a verdadeira mensagem
não te deites por perdida, que ambas encontrarás, nas palavras que têm vida
há muitas que nos enganam, mas só estas cento e onze palavras merecem homenagem!


Escrevo…para libertar as personagens que não consigo Ser!
________________________________________
http://catalogoluademarfim.blogspot.pt/

http://catalogoluademarfim.blogspot.pt/



 
Autor
Paulo Afonso Ramos
 
Texto
Data
Leituras
1224
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
5 pontos
5
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
cleo
Publicado: 11/10/2009 20:54  Atualizado: 11/10/2009 20:54
Usuário desde: 02/03/2007
Localidade: Queluz
Mensagens: 3731
 Re: Cento e onze palavras
Cento e onze boas razões, para ler e reler o teu poema, até o entender por completo!


Beijo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/10/2009 20:55  Atualizado: 11/10/2009 20:55
 Re: Cento e onze palavras
Caro Paulo Afonso Ramos,

Cento e onze palavras, mais uma, menos uma (não me dei ao trabalho de as contar), mas sim, li o texto com atenção,especialmente para ver se escutava o tal «murmúrio do avesso», e se o não ouvi, a culpa não será do texto, mas dos meus ouvidos atulhados por outros sons. Mas por certo que esse murmúrio está lá, melhor, está cá, neste belo texto de cento e onze palavras (faço fé no escritor de que são mesmo cento e onze).
Gostei.

DM

Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 11/10/2009 21:27  Atualizado: 11/10/2009 21:27
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4549
 Re: Cento e onze palavras
Cento e onze palavras, contidas e incontidas, neste belo poema de amor.

Antonieta

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/10/2009 22:33  Atualizado: 11/10/2009 22:33
 Re: Cento e onze palavras
as palavras serão sempre palavras,
só as acções contam.
por isso a homenagem.
abraço do Boaventura.
ou cento e onze palavras.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/10/2009 13:02  Atualizado: 12/10/2009 13:02
 Re: Cento e onze palavras
Um grande abraço de poemas apreciados.