A tarde está cinzenta
Vazia, nua e gelada
Uma mulher caminha
Passos cambaleantes
De alma penada
Perdida no denso nevoeiro
Por entre tumbas anónimas
O rôsto magro está triste
Os olhos sem viço
O coração negro, vazio
Passa por mim sem me vêr
Uma luz rasga as trevas
Cuidei vêr teus olhos verdes
Mas é apenas um carro perdido
Na densa névoa
Do cemitério á meia-noite
Depois tudo fica sepultado
Nas fragilidades
Das coisas humanas
Alucinação de louca
Que tudo deseja
E nada tem...
A.Sobral<br />__________________
Ao ciar uma obra de beleza vencemos a morte...
Platão