Crepúsculo de pesadelo
É neste crepúsculo que decido descansar
Acalmar esta raiva que me atravessa
Sento-me, fecho os olhos e respiro
Oiço o interlúdio do vazio
Sinto as sombras entranharem-se em mim.
Revelo este grito mudo só meu
Grito que ninguém ouve, ninguém vê, ninguém …
Tiro a mascara que me cobre a face por momentos
Mas só por momentos…
Por momentos vejo com olhos só meus,
Revelo-me a mim mesmo
Sem reflexos nem complexos.
Por momentos sinto por mim,
Sinto o nada que me envolve, o nada que tenho.
Aqui só eu existo, mais nada, mais ninguém.
Aqui sou eu… só eu.
Revolto-me sozinho contra os dias
Contra tudo
Contra todos…
Afogo o pânico em veneno
E acendo mais um cigarro.
O desespero.
Não permito que a raiva se apodere novamente
Não me deixo cair na “fácil” tentação
(em qualquer esquina, ruela ou beco escuro ).
Não deixo a minha verdadeira cara, quem sou… nem eu sei quem sou,
Sei que não quero ser ninguém que não eu.
Sei que … não sei nada.
Faço o que não quero
Não vejo, não sinto, nem quero.
Grito de raiva!
É o pesadelo.