Ao longe soam as vozes conhecidas "Eu mato-te! Eu amo-te mas mato-te".
Deito-me na cama enquanto penso no que poderia ter acontecido, viro-me para o lado procurando esquecer-me de tudo e lembrar apenas a minha insistente vontade de dormir. Um tiro rasgou o meu silêncio, rasgou-me os sonhos maus, seguido logo de repente por meia dúzias de gritos desesperados.
Levantei-me, calcei os chinelos e com o sol a bater-me nos olhos sentei-me no balcão da cozinha, enquanto preparava o pequeno almoço liguei o televisor, notícias tristes logo pela manhã, fui até à porta da entrada buscar o jornal, depois lembrei-me de ir até ao jardim.
Pegadas de sangue cobrindo os carreiros mágicos que eu tanto demorara a fazer, sangue nos canteiros, sangue na garagem, assustado sigo o rasto de sangue. Tropeço num corpo, volto-o e grito aos céus, a minha mulher morta e ao lado o meu canivete suíço.
. façam de conta que eu não estive cá .