Poemas : 

Sesta

 
A tardinha descamba mole...
E meu corpo a balançar na rede amarela
Pelo esforço do meu pé direito
Sobre a cerâmica áspera.
Faz-se o vento que não havia.

Andorinhas cortam o ar
Com seus mergulhos desconcertantes
E vêm adentrar os vãos das telhas
Onde os filhotes iniciam grande rebuliço
E rompem ruidosa sinfonia.

Ontem não havia essa casa,
Nem essa varanda.
Não havia sequer uma sesta,
Nem essas mãos envelhecidas.
Vive o homem que não vivia.

Ontem não eram os amigos, distantes,
Nem tão ruins as notícias diárias.
Ventos eram comuns, sem balanço;
Redes...só nos ombros dos ambulantes.
Se eram amarelas...eu não sabia.


Frederico Salvo


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FredericoSalvo
 
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 09/10/2009 12:50  Atualizado: 09/10/2009 12:50
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: SESTA
Não posso passar por esse poema em dizer nada.
Um conforto ao avesso, imagens perturbadoras de uma paz não vivida, assim o senti.
Excelente, Fred, parabéns!
Beijinho


Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 09/10/2009 13:01  Atualizado: 09/10/2009 13:01
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: SESTA
Frederido, ha no teu caminhar um certo equilibrio, através dos passos que atravessam vidas vividas e por viver.


Gostei muito

Um beijo


Matilde D'Ônix


Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 09/10/2009 22:28  Atualizado: 09/10/2009 22:29
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10799
 Re: SESTA
Fiquei encantada, o poema é melodioso, sente-se uma serenidade, ao mesmo tempo magoado, é lindo
estou sem palavras.
Vai ser meu eleito

Um abraço
rosa


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 10/10/2009 01:48  Atualizado: 10/10/2009 01:48
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Sesta
Um desconforto de tão lindo, numa tarde em que o amarelo não havia...