O teu toque já não me diz nada.
Nada quando me tocas,
Nada quando me fitas
Com esses olhos de quem perdeu algo.
A simpatia enervou-se na paixão,
O amor perdeu-se no que ficou por dizer.
Este futuro sisudo que vês
É a sombra de um passado por viver.
Mas sorrio por dentro,
No egoísmo objectivo
De saber culpar,
De saber apontar
O dedo a quem nunca o levantou
Para participar.
É por isso que quando vejo
Reflectir o teu olhar
E o teu sorriso
Noutra alma,
Noutro corpo,
Não o posso ignorar.
Apenas posso avançar,
Em direcção ao sorriso
Que o é de verdade,
Sem olhar para trás,
Para a estrada vazia
Que me levou até ti,
Até ao fim do caminho,
Até à verdade num sorriso
Aberto, pleno, na cara
De quem quer que seja.