Crónicas : 

GRETA GARBO

 
GRETA GARBO

A alusão a greta Garbo é meramente acidental.
Uma vez, há muitos anos e na sequência de uma conversa trivial em que, recordo-me bem (e não passa de mera curiosidade), alguém se referia àquilo que estava a ser a vida da já então misteriosa Diva, um dos amigos presentes comentou, seguro de si que nunca se arrependeu de nada. Não me recordo do desfecho da conversa, mas o que ficou a tinir-me nos ouvidos, sobretudo na mente, foram as palavras e convicção daquele amigo. Éramos todos jovens, mas lembro-me que me custou a aceitar essa asserção, considerando, no que me diz respeito, que haveria na minha vida, atitudes, passos que pelo menos no meu pensar de então, eram objecto do meu arrependimento, na exacta medida do que teriam sido as minhas omissões em relação a coisas, situações, gestos que deveriam ter acontecido e não aconteceram.
De vez em quando essa problemática ocorre-me e concluo que o meu parecer continua a ser fiel ao da minha juventude. Mais fiel ainda porque de experiência - longa experiência – feito. Sim, se faço uma retrospectiva vejo que há muitas coisas de que me arrependo, que se fosse agora não ia por onde fui. Parafraseando o poeta, não ia por aí. De tal modo assim penso que considero que, para nosso bem e afinal de todos, deveríamos viver duas vezes. Quer dizer que arrancávamos para a segunda vida com a leveza de um conhecimento radicado em sólidos alicerces, isto é, a vantagem de encerrarmos numa aura purificadora o ciclo da vida. Era bom, não era?

Antonius

 
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luciusantonius
 
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