Ah, que subida tão árdua,
as rochas são tão escarpadas
que machucam os pés,
e esta altura, que vertigem...
O corpo que busca
se equilibrar entre as fendas,
curtas trilhas desta caminhada
montanha acima, vejo o vale...
Ah, que vida tão dura
no ar rarefeito
destes tortuosos caminhos
Diviso pássaros,
que misteriosamente
aqui constroem seus ninhos
e contemplam o horizonte
Paro para tomar fôlego
E penso nas razões
do caminhar e do viver
Ufa, aproxima-se o cume
encoberto pela neblina,
aponta para o infinito
Como uma mão
que se estende em oração,
em louvor, em silêncio,
A minha inquietude
cede lugar à placidez,
da montanha entre
o verde vale e azul celeste
Suave brisa circula
me sinto parte do todo;
a dor já se acalma
em meu peito,
diante do testemunho vivo
do universo, brota
de todas as direções
essa mágica energia,
protege meu peri-espírito,
recarrega minha essência.
Enfim, diante de mim
um vale e altivos montes
majestosos na paisagem
estão lá há milhares de anos
refeito da longa caminhada,
faço uma oração...
reinicio o caminho
de encontro ao meu eu interior,
ao Deus do coração, pronto
a seguir mais uma jornada...
AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em agosto de 2003.
Imagem: Ten Peaks, Lake Moraine, Alberta, Canadá.