A Casa Junto ao Mar
Procurei uma casa para nós junto ao mar,
sabendo que um dia tudo abandonarias e ficaríamos juntos.
E lembro-me que havia orquídeas no jardim
e que tudo tinha um odor a verdade e esperança,
agora que o sol se parecia novamente com a bola de fogo
que sempre vimos submergir e emergir no horizonte.
Mas era de novo um odor a sal e a mar
que se misturava agora com as flores e as recordações vieram de novo.
Misturando-se.
Transformando-se.
Girando incessantemente.
Levando a minha alma a desmaiar de novo nos teus braços e a chorar por minha mãe.
Agora que jamais terei o seu amor, se é que alguma vez o tive,
mas tu,
como nunca o havias feito, acariciaste a minha face,
com as tuas mãos de rosa,
e ao de leve beijaste minhas lágrimas de sabor a mar,
e mataste a minha sede de amor pelos ligeiros e breves instantes em que o fizeste.
Mas, de repente, voltaste a ser tu mesmo, aquele que jamais será diferente.
E senti de novo que a casa junto ao mar e o jardim
nos pertenciam tanto como à areia e às rochas onde ela estava.
E junto a ti coloquei minha alma,
e tudo se compôs pois hoje o mar estava calmo e havia gaivotas sobre a crista das ondas.