Poemas : 

Morta desde o dia que nasci

 


Sinto sombras a correr-me nas veias,
a estalarem nos pés imóveis
Sinto a maldição a lacerar-me a carne
este corpo que o tempo corrompe devora
em cada palpitação,a cada indício.



sinto-me condenada afundada na lama e na ferrugem,
em lamaçais pútridos dos gritos indomáveis ao caos,
ao violento crucifixo, ao brando alento
espetados nas entranhas estranhas
com cicatrizes cozidas a suturas felizes.

recompõem a dor equilibrando-a
rodopiando-a abstraída
no umbral da minha in-consciência.

Ainda que os invoque como santos desígnios
sobrevivem à minha própria história,
à minha in-existência
desde a alvorada em que nasci.

Como uma arma encostada disposta ao alcance
de um tiro silencioso certeiro
expectante, a dois passos do precipício tão perto a precipitar-se.

"de altyum ad profundis"
(das alturas às profundezas)


" An ye harm none, do what ye will "

 
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HorrorisCausa
 
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Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 04/10/2009 23:05  Atualizado: 04/10/2009 23:05
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 Re: Morta desde o dia que nasci
Precipita-te na existência assombrosa das tuas palavras!

beijo

Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 05/10/2009 20:59  Atualizado: 05/10/2009 20:59
Administrador
Usuário desde: 15/02/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 3764
 Re: Morta desde o dia que nasci P/ Moreno
obrigada pelo teu comentário.

beijo

Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 06/10/2009 03:02  Atualizado: 06/10/2009 03:02
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Morta desde o dia que nasci
Emudeci no ventre de suas palavras.
Obrigada. Bj