Sou fogo-fátuo
Que foge para onde vais,
Que te segue,
Incómodo e cheiroso,
Luminoso demais.
Sou bola que reluz
Ao fundo do cais,
Memória dolorosa,
Doentia, vagarosa
Que não sai nem comove.
Apenas remove o sentido,
Despe o sentido de si,
Segue como bola de fogo frio
Bem perto de ti.
Mas se não te sigo,
Não te procuro,
E o fogo se acende a toda a hora,
És então tu o emissor
Deste fumo em putrefacção,
És mesmo tu o cadáver
De outro dia.