O cigarro aninha-se entre os dedos
Libertando um véu escarlate,
Da cor do sentimento vertido
Naquelas breves linhas manuscritas.
Envolto na música de Jamie Cullum,
"It ain't necessarily so,
It ain't necessarily so...",
Desenha um esgar no canto dos lábios.
Repudia a pausa fugaz com brusquidão
E esmaga o cigarro no cinzeiro já amarelado
Abraçando violentamente a história
Que lhe implora um ponto final.
Novas linhas brotam da caneta bic
Que risca e rabisca incansável na acção,
O papel absorve sôfrego a tinta
No drama que tem sangue, paixão e traição.
A intriga parece estar no auge
Quando pega no copo de pé alto,
Bebericando um líquido da cor do sangue
Que espesso e quente lhe aquece as entranhas.
A chuva bate de forma estridente contra a janela
Escorregando pelo vidro abaixo devagar
À espreita do final da turbulenta história,
Mas acaba por se estilhaçar na calçada.
Lança-se finalmente para trás na cadeira
Deixando pender a cabeça e os braços
Porque acabou de escrever os seus últimos passos,
E assim acabou esta história...