XV. Afoguei-me Em Ti
Atirei-me ao fundo do mar,
mal soube que jamais voltarias e que o negro da tempestade se tinha abatido sobre ti.
Vi as rochas lá no fundo e pensei serem sereias que por mim chamavam.
O seu grito fez-me entrar em transe e jamais me relembrei de ti,
das tuas palavras e do teu rosto,
pois perdi-me para sempre nas profundezas do oceano e não mais regressei.
Quando o fogo-fátuo das manhãs claras de Inverno ma fazia lembrar de ti,
recolhia-me no anoitecer,
pensando que eras apenas uma ilusão.
E sempre o foste, não é verdade?
Nunca apareceste no meio das brumas,
como me dizias que sempre voltavam aqueles que haviam partido.
E eu sempre esperei,
por ti,
à noite e todos os dias,
mas tu nunca voltaste.
E as névoas azuis sobre o mar transformaram-se em negras nuvens,
e eu de novo entrei em transe e perdi-me dentro de mim mesmo.
Atirei-me de novo ao mar julgando fugir de ti,
mas tu já tinhas partido e, apenas, no horizonte,
as velas negras do barco onde navegavas, ardiam agora,
mostrando que ali estavas, mas por apenas mais alguns segundos.
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte II - Os Dias da Vida Ou O Contigo e Sem Ti