XIV. Aqui Estou
Lancei-me num mundo de água e fogo, mal soube que havias regressado.
Lá em baixo o mar irrequieto afugenta as gaivotas,
e abate-se sobre as rochas cinza com uma violência que me amedronta.
E a vidência em mim desperta.
Mas aqui estou.
Junto a ti.
Envolvido pelos teus braços, que se assemelham a duas asas de um anjo.
Aqui estou.
Tão protegido, como uma fortaleza em tempo de guerra,
com a certeza que a violência e dor jamais estarão dentro da minha muralha,
que criei para te abrigar.
Para te abrigar das tempestades de verão,
e dos dias frios e invernais de um dia recente de primavera,
quando o gelo branco e frio passeia ainda pelos campos que teimam em florir.
Aqui estou.
Lá em baixo o mar vem e volta.
E do meu ventre brotam sereias e ondas, violência e força,
misturadas em banco, cinza e verde.
De um verde que se mescla em azul do céu.
Um céu azul escuro que avizinha tempestade.
E disseste para irmos embora,
mas os meus olhos permaneceram fixos naquele azul de mar e céu.
E ali fiquei.
Sabendo que ficarias comigo até ao fim do vaivém das ondas,
mas, como se ele jamais terminasse, tornamo-nos no infinito.
Havias regressado.
Regressado de novo para os meus braços,
e o meu mundo de água e fogo abateu-se de novo sobre mim
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte II - Os Dias da Vida Ou O Contigo e Sem Ti