Poemas : 

XIII. Tão longe

 
XIII. Tão longe

Tão longe me lançaste quando não quiseste mais olhar nos meus olhos.

Tão longe…

Tão longe fui eu quando me deixaste com os olhos a arder em fogo,
sem água para apagar as chamas de dor, que se abateram sobre mim, naquele dia.
O dia em que partiste.

Mas esse dia não foi todos os outros dias?

Porque afinal nunca estiveste junto a mim.
Estavas, mas não estavas, e a tua presença era fantasmagórica e etérea.
Como o são as folhas de Outono, que caem de todas as cores.
Mas, agora, mesmo o cair das folhas abate-se sobre mim,
como o estrondo de um relâmpago quando atinge a superfície da terra,
de tanto pensar em ti.

De só pensar em ti.

Lembras-te das folhas que sacudimos dos nossos pés naquelas manhãs frias e claras de Outono?
Quando os peixes do lago estavam congelados e disseste que gelado era também o teu coração.
Tão longe. Para todo o sempre.
E que eu te disse não me importar porque ter-te-ia sempre a meu lado,
e que o calor do meu coração chegaria para os dois.

Mas estava enganado.
Nunca chegou. Nunca poderia chegar.

Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte II - Os Dias da Vida Ou O Contigo e Sem Ti
 
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jomasipe
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