Luso-Poemas
 
Sonetos : 

A fome e o abutre

 
Escorre-me na alma o sangue
Vermelho vivo duma criança
Faminta, e há quem de mim mangue,
Porque a sua dor me alcança.

Em fartura, em conchas se fecham
Enquanto lhes aumenta a pança
Ignoram todos os que se queixam
Vivendo sem qualquer esperança.

Membros delgados, ventres inchados
E olhos negros esbugalhados,
De olhar a morte, já cansados.

E paira o abutre na fome
Sobre as peles e ossos deles,
Que já não mexem. Vai. Logo come.

 
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MariaSousa
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Enviado por Tópico
Paloma Stella
Publicado: 22/06/2007 18:14  Atualizado: 22/06/2007 18:14
Colaborador
Usuário desde: 23/07/2006
Localidade: Barueri - SP
Mensagens: 3514
 Re: A fome e o abutre
Bem forte seu soneto Maria.
Usou de palavras corretas em momentos certos.

Beijinhjos.

Enviado por Tópico
syros
Publicado: 22/06/2007 19:05  Atualizado: 22/06/2007 19:05
Novo Membro
Usuário desde: 30/05/2007
Localidade:
Mensagens: 8
 Re: A fome e o abutre
Cara Maria,

Continua a minha surpresa. Para quem dizia que não sabia escrever sonetos e que cada um que escrevia era pior que o outro, acho que se está a sair muito bem.

Encontrou uma rima que eu procurava Sangue com Mangue.

Um abraço

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