ATÉ QUANDO? (No dia mundial dos idosos)

nunca li nada tão sensato, um dilema com que debato todos os dias.
porque se esquecem dos nossos idosos! como se eles fossem meros trapos sem utilidade.
desculpa-me o abuso.

beijo

Uma das mais tristes e cruéis realidades da sociedade em que vivemos. Até ao dia de hoje uma das maiores satisfações pessoais foi contribuir para que os idosos da minha terra tivessem um dia de fraterno convívio. Ver o brilho no olhar, o sorriso de criança estampado em cada um daqueles rostos vincados pela erosão do tempo foi a maior recompensa que podia ter tido.

abraço

amigo arlindo,

transfiro esta triste realidade para o meu país. qualquer semelhança com o que ocorre com os nossos velhos aqui não é mera coincidência. vejo a situação da minha mãe, aos 80 anos, com 52 dedicados ao serviço público. a humilhação que passa todos os meses para receber a sua miserável aposentadoria (reforma) corta o coração. digo pelo brasil: um país que não respeita seus velhos e suas crianças não merece respeito. bela lembrança, embora triste.

abraço,

j.

Para este teu texto, não tenho mesmo palavras, talvez porque já nasci idosa,talvez porque tenha experiênciado situações completamente sórdidas, talvez porque só queria poder cuidar de quem já não tenho velhinhos...deixo-te algo que escrevi inspirado numa pessoa que conheci num encontro ocasional, mas desse dia,podes não acreditar, a minha vida não foi mais a mesma e quase todos dia me lembro dele...se acreditarmos noutras vidas, tenho a certeza que foi alguém por quem tive paixão.porque foi amor à 1ª vista.!

...ai que fiquei tão lamechas

Os Velhos também uivam

tinha um desejo misterioso,
pregado no olhar.
um testemunho mudo adocicado
tentava entrar,
ameaçando semear epitáfios.
Perguntou-me se algum dia,
não muito longe daquele,
o vento ainda iria preservar algum interesse nele.
certas disposições que não largam pessoas parecidas que não temem o cheiro da naftalina entranhada na pele enrugada pela corrida contra o tempo.
onde é a meta? onde é?

Partilhamos então, as nossas certezas de estimação
Eu… Acalentei o vento que me ofereceu
que um dia iria fazer-me correr
como os lobos no meio da neve.

lamentarei para sempre
se não o fizer
sinceramente.
(como ele o fez…)



beijo

Meu amigo,
Quem (des)trata os idosos assim é o nosso pequeno mundinho ocidental.No oriente eles são respeitados, consultados para as decisões importantes pelos mais jovens a quem passam sua experiência.O mesmo ocorre em algumas culturas indígenas.
Muito bom texto para nossa reflexão e quem sabe até mudança de atitude de alguns. :)
Bjins, Betha.

Oi Arfemo, uma reflexão que nos leva a pensar... estaremos do outro lado mais tarde, "No interstício do fim"

De olhos cerrados e gestos lentos
Corre os finos dedos pelo cabelo grisalho
Um fio solto...
Desconectado.
Fora do contexto exasperante.
Foi desistida da vida,
Sendo por ela, mastigada e cuspida.

abraço!
Maria

Querido amigo Arfemo
Sensibiliza-me sempre que leio sobre este assunto,
mas tenho comigo o «orgulho» de ter tratado dos meus até ao fim, vivendo a minha mãe até aos 97
anos,fiquei um pouco presa, mas com a ajuda dum irmão os tratámos com carinho até final, e é horrível só de pensar se os tivéssemos sujeitado a semelhante.

Mas sinceramente me assustam os anos vindouros,
nada se adivinha de bom.

Abraço amigo
rosa

este texto é um texto para uma reflexão profunda,mesmo para os jovens que infelizmente não se apercebem que um dia também serão idosos.... se lá chegarem.
Quando sabemos que se esquecem da mãe ou da avó numa bomba de gasolina e continuaram as férias inda buscar a senhora quando as férias acabaram. está tudo dito e é um caso entre muitos que aconteceram em França, povo de uma outra mentalidade.... dizem eles..
~Excelente

Abraço amigo
A. da fonseca

Aqui no Brasil amigo poeta, a longevidade é sinonimo de discriminação,são tratados com descaso pelo serviço publico e privado.estamos bem longe da "civilidade" e respeito aos idosos.
Muito bem a calhar seu excelente texto,parabéns,
beijocarinho, Lu

até quando ensinarmos aos "putos" que o importante na vida é trabalhar horas infindas para estarem na moda. roupas, máquinas, corpos. que marketing tem a vida de um idoso ao pé disto? quando lhes ensinamos que tudo neste mundo é descartável.

abraços

Caríssimo Arfemo
Para além das oportunas e adequadas considerações em torno deste tema, eu só pretendo dizer o seguinte: este texto e considerações feitas sobretudo fizeram-me concluir, de uma maneira que quase me surpreendeu, que este espaço, para além do aspecto lúdico, pode e está a converter-se num local de séria reflexão para temas prementes da nossa sociedade e que no dia a dia, tendem a passar-nos à margem.
Um Abraço
Antonius

Caro poeta Arfemo

Porque será que a mente humana é tão vazia
ultimamente, porque será que não vêem que
cada ser deve agradecer se puder chegar até
uma certa idade, que é na maturidade do ser
que se conhece a vida para valer, que todos
os ensinamentos dos idosos são mais palpável
que já passaram tantos anos pela vida..
Porque será que os jovens de hoje não conseguem
ver que os idosos de hoje são eles no amanhã
É lamentável a forma como são tratados sem
qualquer carinho e atenção começa em casa e
termina no asilo da conformação...

Parabéns pelo excelente texto

Beijinhos no coração

Muito humano e belo teu texto, amigo-irmão-poeta! Sempre buscando temas atuais e com a mestria de poucos. Sinto-me privilegiado de poder interagir com tantos "Gigantes" que tenho me deparado por aqui. Abraços que ultrapassem o oceano e chegue até você!

Arfemo,

Infelizmente, a sociedade é madrasta com os idosos.Não se compreende,nem existe desculpa.

Apreciei o texto.


Abraço

Seu poema não tem fronteiras, uma realidade que corre enquanto cresce. O olhar se tornou tão velho em olhos tão jovens...
Obrigada.Bj

Querido Amigo Arfeno!

Seus textos deixam-me ultimamente muito pensativo, fico sem saber como responder. Geralmente alongo-me muito nas considerações, mas neste tema irei responder muito sucintamente.

Minha Mãe de 85 Anos vive ao meu lado e uma segunda Mãe que me criou com 74 anos também, os meus filhos foram ensinados a respeitar a velhice e nesta casa não haverá nunca asilos.

Acredite amigo que me esforcei muito para não escrever, tenho ideias perfeitamente fundamentadas sobre este assunto, mas poderia ser mal interpretado. Existe uma falta muito grande de sacrifícios por parte das famílias.

Um Grande abraço

JLL

Assisti há muitos anos a um filme (já me não recordo nem do nome nem do seu realizador - a perda da memória pode ser um dos sintomas da velhice), em que numa determinada cultura, os velhos eram levados pelos seus filhos até ao cimo de um monte, e aí deixados ao abandono. Foi dos filmes que mais me marcou, ainda eu tinha os meus vinte e poucos anos.
De certa forma, aquilo que as sociedades ocidentais, melhor, as sociedades capitalistas fazem às pessoas, aos indivíduos (note-se que a partir dos 35 anos já se é velho para se arranjar um emprego), e depois dos sessenta anos até a identidade se perde (vejam-se as notícias dos jornais, por exemplo, foi atropelado um sexagenário),nestas sociedades, onde o culto do eternamente jovem consome tanta e tanta gente, os velhos (idosos, terceira idade, quarta idade, quanto a mim são eufemismos), os velhos são mesmo tratados como farrapos, por vezes, salvo honrosas excepções, mesmo pior do que farrapos.
Por outro lado, ainda há sociedades que honram os seus velhos, e os tratam como sábios (ou pelo menos, como bibliotecas ambulantes, como alfarrábios).
Diferenças de culturas e de civilizações.

DM

PS. Quando prefiro dizer velho, em vez de idoso, entendo este "velho" no sentido que se dá ao "velho" do vinho do porto; de resto, na minha família, felizmente, houve várias pessoas que chegaram a ultrapassar os noventa anos.
E, já agora, em termos poéticos, leiam-se os poemas de O'Neill, sobre os velhos.