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Um clarão rubro percorre todo o mar
Repentino, tingindo-me o alvo peito
Um clarão vida nesta sombria vigília
Súbito eu vejo um bando de pássaros
Em festa comemoram a nova aurora
Para eles tudo é novo, "neo vitalis"
O mar jaz agitado e suas ondas...
Ah! Ondas quebradiças,
Que anunciam a chegada da maré,
Umas quebram aqui, outras acolá
E o farol que recebeu
Os raios do último luar
E que embevecido contemplei
a nesga de luz que sobre si caiu.
Ah! Como tudo está diferente
Procurava uma luz para guiar-me
Encontrei-a! Mas estas pupilas
Ainda não conseguem vê-la
Quisera eu fosse um navegante,
Ou um mero pescador
Para correr ao encontro da ofuscação
E ficar cego a ser lúcido nesta distância
O sol quase atinge o farol
Sua luz forte em pouco o encobrirá
Não é preciso mais esta luz artificial
Nada melhor que o natural das coisas
Deve haver o saveiro para o pescador
E não para este tolo sonhador...
Que se atira ao léu à procura do nada
O céu está todo enevoado
O astro rei sai da janela
onde espiava a paisagem
Talvez não seja um bom dia para sair
Pois não cobrirá toda esta abóbada
Mas, nada, pior que a indecisão
É melhor tentar, o frio acomete muitas almas
Que ficam sempre a esperar...
Quem sabe por um dia de luz, de calor...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em maio de 1975.