XII. Consorte da Lua
Quando os oceanos se uniram para acabar com a solidão…
Vi que algo ardia em meu interior e me dizia para te procurar.
Que o universo te havia criado para seres minha metade,
e que o teu achado seria o meu mais precioso tesouro,
e o bem que no mundo mais amaria.
Eu que sempre fui forte e que sempre criei fortaleza no musgo dos pinheiros bravos,
na terra agreste das lezírias e na copa das mais altas árvores.
Que sempre vi nos céus reflectido o azul do mar e nos meus olhos o azul dos teus,
sem ainda te conhecer.
Mas os ventos traziam aos meus ouvidos sons e vozes que desconhecia,
e me falavam de ti, com palavras de imensidão e purificadas de incenso.
E assim, soube que te haveria de achar, por entre o nevoeiro denso das manhãs,
e que nos uniríamos um dia sob o manto estrelado, que guia os peregrinos.
Não me disseram, porém, que esse encontro me iria afastar do sol,
para ser consorte da lua e viver para sempre na obscuridade.
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte I - Os Dias da Criação Ou O Antes de Ti