XI. Uma Infância Vestida de Inverno
Procurei-te por toda a parte mas sem te encontrar.
Talvez nunca soubesse aquilo que buscava e como poderia saber se tu nunca mo mostraste?
Pedi-te, lembro-me, uma vez,
que viesses e acalmasses a tempestade
que volvia o meu coração e o amachucava
tornando-o como os ventos das tempestades de Inverno.
Mas tu nunca apareceste.
Também como poderias?
Tinhas uma para acalmar dentro de ti e nunca o conseguiste!
Trevas e sangue espalhavam-se sempre pelo quarto cada vez que nos encontrava-mos para falar.
E eu queria tanto falar-te dos ventos etéreos e azuis que habitam os palácios celestiais,
falar-te de como a tua face
era para mim o Olimpo dos deuses eternos e que as tuas mãos me acarinhavam a Alma,
como minha mãe nunca o fez.
Mas tu nunca quiseste ouvir
e calavas-me sempre com o silêncio de um cemitério em pleno Inverno.
E a minha dor não se acalmava,
como nunca se acalmou nos primeiros dias da minha infância,
que em breve se tornaram anos.
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte I - Os Dias da Criação Ou O Antes de Ti