X. A Roda da Vida
Conheço-te desde os séculos sem fim.
Sou aquele que habita as montanhas e aí te procura.
Sou aquele que domina ventos e marés e que cavalga na crista das ondas,
que protege os cavalos marinhos e dorme com as baleias e as sereias nas profundezas dos mares.
Sou a ostra que fabrica a pérola e habita as cavernas mais ocultas.
E em todo o lado procuro por ti.
E em todo o lado jamais te encontro.
Há muitos, muitos séculos que te conheço, sem jamais te encontrar.
Desde os primeiros dias da criação,
que sinto arder em mim a chama dos Imperadores e Reis do Mundo.
Essa chama que conheço desde o dia em que nasci e isso foi há tantas vidas atrás.
Vidas infindáveis, alinhadas e amarradas num cordão de pérolas que jamais terá fim.
Vidas de vidas. Em constante movimento da roda, que gira sem parar,
que não cessa nunca.
E o espírito pede-me que pare, que pense em ti,
e que te peça um bálsamo para acalmar minhas feridas.
Mas espero pela ferida mortal e pelo golpe que fará a roda parar de girar,
e me ajude a lançar-me de novo nos teus braços.
Para que quero ser do mundo rei, se não reino no teu ser?
Para que quero ser comandante dos mares e dos ventos, se não comando o navio do teu corpo?
Deixa-me ser teu, e farei de ti, Imperador da minha Alma.
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte I - Os Dias da Criação Ou O Antes de