IX. Peregrino do Esquecimento
Para quando abandonarão as lágrimas o meu coração?
Não consigo saber que matéria são feitos os sonhos que não sonho,
que não mais procuro e não me atrevo a sonhar.
Aqueles sonhos de saber que somos a vida e a escuridão, os donos do Universo e dos céus.
Já não mais consigo chorar as lágrimas que me são dadas dia a dia,
e que fazem parte da carga que foi depositada sobre os meus ombros o dia em que nasci.
Em todos os dias em que nasci. E ao que os que me criaram chamaram destino.
Daqueles que fizeram de mim Alma Morta e dominador de tempestades, nada sei.
Daqueles que me fizeram rei do mundo e dono das trovoadas e senhor dos relâmpagos, nada sei.
Dos que quiseram que eu não quisesse,
que fosse peregrino nos caminhos de montanhas e vales submersos,
alagados pelas minhas lágrimas, tudo sei.
Sei que são os que no meu ser depositaram os restos de minha Alma.
Que nos meus lábios esconderam palavras de nascimento e morte,
e nos meus olhos pérolas de sabedoria e imaginação.
Aqueles que nos meus ouvidos lançaram palavras de ódio e loucura,
e nas minhas narinas fragrâncias de liberdade e de pecado.
E assim continuo peregrino. Esquecendo e relembrando. Descobrindo e ocultando.
Andando de catedrais em catedrais, caminhos em caminhos e oceanos em oceanos.
No entanto, Aqueles que me fizeram, de algo de esqueceram.
Olvidaram que o meu ser poderia um dia te encontrar nos domínios e confins do mundo.
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte I - Os Dias da Criação Ou O Antes de Ti