Mórbido
Visões de meu pensamento caiem, de súbito.
Ô Gênio da Noite – Primogênito de Tanatus.
Vós que arrancais minhas vontades
Pelas tuas:
A CASTIDADE DO PERIGO DO DRAGÃO.
Eu, filho da carne, descendente da eclosão –
Matéria e energia, descendente da luz e trevas.
Os céus de minh’ alma queimam
Assim como uma noite escura,
Posta a uma lua fúnebre e póstuma.
O tempo é adiado. A vida, odiada.
Em mim, vermes que sugam de tod’ a alma
A essência co-enigmática.
Um morcego nefasto concentra-se em meu pensar –
Hospedeiro cefalocida.
Beijos de morte se instalam em meus sentidos
Como no ar, alegre, a mosca que se confronta
A esta lama de inconscientes protozoários.
Eu, filho da luz e trevas.
Enterre-me a última ilusão,
Nesta Terra que só o sol da meia-noite queima,
Anjos caídos dizem:
- Procura na ilusão, tua decrépita esperança,
Maga de Mil Faces!
Eis o dedo que aproxima o homem do genitor.
Visões queimam com minha dor.
Bebeis, vós, o pranto coberto por sangue
De espinhos que rasgam os meus olhos,
Minh' alma, meus sentidos.
E enlanguesceis o meu corpo.
- Assim ao Homem o espírito se revela!
Alma febril galopando sob ardentes sóis elegíacos.
Que teve o fígado de Prometeus,
Enternecido em Vulcano
Espírito de Vênus e a ira de Zeus:
Alma Mater em brasas!
Minh’ alma sagrada sangra
Como se fosse por espinhos encravados
Em sua seiva, rosas negras como o † ALTO DA NOITE †,
Em que arcanjos e querubins suscitam a escuridão,
Em nome de Lúcïfër-Märä ou Värsävätï – Ö TËNTÄDÖR.
Eu, poeta do nada, porém de tudo
Que detenho,
Tenho em mim, uma alma clara
E trevas, de um amante.
Ao meu grito, me dispo,
Às minhas vestias e medos, me grito.
Assim, em minha complexidade
Nasce uma noite devorada
Longe do Perigo do Homem
Lançada n’ alma para eternidade.
- Alfôjar despojado de minha vida.
Davys Sousa
(Caine)