Sonetos : 

Cem sonetos de amor

 

Soneto LI

Tu risa pertenece a un árbol entreabierto
por un rayo, por un relámpago plateado
que desde el cielo cae quebrándose en la copa,
partiendo en dos el árbol con una sola espada.
Sólo en las tierras altas del follaje con nieve
nace una risa como la tuya, bienamante,
es la risa del aire desatado en la altura,
costumbres de araucaria, bienamada.
Cordillerana mía, chillaneja evidente,
corta con los cuchillos de tu risa la sombra,
la noche, la mañana, la miel del mediodía,
y que salten al cielo las aves del follaje
cuando como una luz derrochadora
rompe tu risa el árbol de la vida.



Soneto LII

Cantas y a sol y a cielo con tu canto
tu voz desgrana el cereal del día,
hablan los pinos con su lengua verde:
trinan todas las aves del invierno.
El mar llena sus sótanos de pasos,
de campanas, cadenas y gemidos,
tintinean metales y utensilios,
suenan las ruedas de la caravana.
Pero sólo tu voz escucho y sube
tu voz con vuelo y precisión de flecha,
baja tu voz con gravedad de lluvia,
tu voz esparce altísimas espadas,
vuelve tu voz cargada de violetas
y luego me acompaña por el cielo.


Pablo Neruda
( 12/07/1904 — 23/09/1973)
Autores Clássicos no Luso-Poemas



Soneto - LI



TEU RISO pertence a uma árvore entreaberta

por um raio, por um relâmpago prateado

que do céu tomba quebrando-se na copa,

partindo em duas a árvore com uma só espada.



Nas terras altas da folhagem com neve apenas

nasce um riso como o teu, bem-amante,

é o riso do ar desatado na altura,

costumes de araucária, bem-amada.



Cordilheirana minha, chillaneja* evidente,

corta com as facas de teu riso a sombra,

a noite, a manhã, o mel do meio-dia,



e que saltem ao céu as aves da folhagem

quando como uma luz esbanjadora

rompe teu riso a árvore da vida.

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Soneto - LII



CANTAS e a sol e a céu com teu canto

tua voz debulha o cereal do dia,

falam os pinheiros com sua língua verde:

trinam todas as aves do inverno.



O mar enche seus porões de passos,

de sinos, cadeias e gemidos,

tilintam metais e utensílios,

chiam as rodas da caravana.



Mas só tua voz escuto e sobe

tua voz com vôo e precisão de flecha,

desce tua voz com gravidade de chuva,



tua voz esparge altíssimas espadas

volta tua voz pesada de violetas

e logo me acompanha pelo céu.
 
Autor
Pablo Neruda
 
Texto
Data
Leituras
1956
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