VI. A Terra
Procurei-te na terra molhada,
por entre a podridão castanha e cinza de folhas, já caídas,
desde que o tempo e o mundo foram criados.
Já passou tanto tempo assim?
Parece que foi ainda que há muito pouco tempo eu tive a inocência do teu sorriso no meu,
e que os meus braços embalaram o teu corpo gélido,
sempre gélido,
frio,
que nem os flocos de neve do Inverno,
e que só eu poderia sempre aquecer e trazê-lo à vida,
como se ressuscita um Lázaro no meio do deserto.
E a terra…sim, a terra continua castanha, negra e morta,
com a vida dos moribundos,
sem fim,
um sofrimento eterno de ciclos negros e castanhos,
húmus e um verde negro de vermes e sem limites para a dor.
Mas mesmo assim continuo à tua procura no meio dessa terra.
A nossa terra.
Aquela que nos foi dada desde o principio dos tempos.
A nós os dois.
Só a nós dois.
A terra castanha e negra, onde selamos o nosso amor, dormindo sobre as raízes do passado.
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte I - Os Dias da Criação Ou O Antes de Ti