Sorte
Quem és tu que vem do desconhecido?
Emana das profundezas
E percorre esse mar de ossos
Nunca vi alguém com tais grandezas
Nesse vale que há apenas destroços
Porque vens tarde e com esse porte?
Haveria de surgir mais cedo
Para salvar essa gente da morte
Ao qual corrói o desejo e o medo
Pois para eles não há sorte
Imagino que não deveria sumir
Se você é mesmo importante
Desse modo deve agir
E ficar por mais algum instante
Percorrendo teu leito calma e constante
Sei que a culpa não é apenas sua
Mas também desse calor que a leva
Desse modo meu tesouro não produz
Da terra as tais que denominamos erva
Mesmo com tanta luz
O que se faz dum solo tão fértil?
Se não há o essencial
A água do manancial
Nessa caatinga onde os bichos passam mal
Até que venha ajuda, isso continua igual.