Um lago um mar um oceano
A verdade
Não sei
Um céu talvez
Uma fundura por explorar
No mastro alto do dia
Um corvo pousado
Uma bandeira negra
Que à noite se oculta
Na casca de noz sem horizonte
Os meus olhos triunfam com a visão
Das grandiosas cidades
Mas a memória das florestas devastadas
É a história de como matam os homens
E como morrem
E uma lição de como se mata
Que não nos ensina a morrer
O nosso país tão grande
Que não cabe em Portugal
Os nossos automóveis
As nossas casas e
Os nossos computadores
Todas as lojas com tudo
E as músicas omnipresentes
Não são suficientes
Para nos salvar
O linguajar excelente
Que sai dos abismos do coração
É como aquela bandeira ao vento
Plantada na areia
Pelo porta estandarte
Que tombou
Se a alma tem fome
Nunca se sacia dos dias
Que voltam sempre
Sobre as carnificinas
No seu altivo triunfo
Terra e mar são poderosos aliados
Dos homens na escuridão
Que escutam no vento
Gemidos dos vingados
Se tropeçares n’alguma certeza
Por andares perdido na cidade
Pensa como é inquietante
Ver um exército que dorme.