O corpo ferido de amor
pede auxilio à ausência
a morte vem na palavra
soluça a lua de água
bebida no instante sentido
do erro incerto da solidão
e só já respira a noite
e escuta o odor da luz do sol
já ao longe ouve-se o som da flecha
atirada pelo anjo ferido
que caiu na armadilha do sonho
enganado pela mentira do seu destino
e
morreu
e
agitam-se palavras na mão
lançam-se aos medos da solidão
já não falam e já mais não são
que palavras mortas em mata-borrão
mortas pelos silêncios olvidos
procuram um suposto poeta
perdido na ignorância dos sentidos
nas páginas de um livro sem tinta
será que este desejo embrulhado no véu
que a terra enterrou sem a razão da palavra
pela morte estonteante de solidão rara
pode evocar um poema ao céu?