“O homem que morreu no dia em que lhe morreu o amor…
Aqui jaz o meu mundo perante a ruína.
À beira do abismo que se interpõe
Entre a pedra morta de teu nome
E a insignificante vida de uma flor…
Aqui deixo a lágrima de um cobarde.
Mas não a minha, mas não a minha!
Corre-me pela face e não é minha;
Porque eu sou forte e não cobarde!
Aqui está o meu mundo despedaçado
Encerrado em madeira podre
Atulhado na terra que me há-de comer,
Escoando as aflições.
Aqui jaz perdida a minha sombra.
Aquilo que nunca fui!
Pois morreu-me a esperança;
Daquilo que eu podia ser.
Aqui te deixo neste dia sem sorrir
Prometendo-te o meu luto constante,
Daquele singelo instante
Em que não te impedi de ir
Aqui te deixo as minhas palavras
(Aquilo que ainda posso!)
Vãs impelidas ao sufocante ar.
Do um homem que te amou como ninguém o fez…
A amargura! A dor!
Em nada descrevem
As palavras que aqui se escrevem
Eterno o nosso… “meu amor”!
Aqui jaz o meu corpo
Em vão orando preces,
De quem em já nada acredita
Senão hoje o dia da morte.
De braços estendidos ao vento
De lágrimas de um cobarde no olhar
Grito ao mundo que não me ouve:
“- Ó morte; trespassa-me também a mim!”
Logo ouço os murmúrios do fim
E o meu mundo fende-se a meus pés.
E agora triste sorrio;
Pois finalmente a morte está em mim…
Eis chegada a minha hora,
De vós me despeço meus irmãos
Pois hoje meu amor morreu,
Foi a morte que a levou
Para um mundo só dela:
“- Que hoje seja também o meu!”