Quem Tu és?
Senhor dos humildes,
Na manjedoura nascido,
Sob um solo (ainda hoje)
estremecido - do oriente -,
onde pelos reis foste adorado.
Quem Tu és?
Senhor dos doentes,
De Lázaro Tu ordenas,
que se levante sob as lápides,
Que dás luz aos olhos dos deficientes,
Consolas, trazes bálsamo a corpos e mentes.
Quem Tu és?
Senhor dos carentes,
Que sofrem de fome e de injustiças
Que multiplica os pães e peixes,
E ao poderoso império romano
de César desafias.
Quem Tu és?
Senhor dos oprimidos,
Da escravidão e exclusão,
Cuja Palavra proclama rebelião
Expulsas do templo sagrado os falsários.
Quem Tu és?
Senhor dos marginalizados
Do cobrador de impostos à Madalena,
Cujo amor integra, perdoa e purifica
Àqueles que pelo sistema são excluídos.
Quem Tu és?
Senhor dos pecadores
Que ofereceste Teu corpo e Teu sangue
No cálice da vida eterna, remissão das culpas,
O quanto somos, de fato, merecedores?
Quem Tu és?
Senhor dos pescadores
Que fazes ressurgir os peixes nas redes,
Em clara demonstração do milagre,
Para alimentar a quem tem fome e sede.
Quem Tu és?
Senhor enviado pelo Deus do Universo
Proclamas o amor e ensinamentos em parábolas
Que dizeis “Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Hoje, mais 2 mil anos após a Tua passagem,
Quantos acreditamos efetivamente
Em Tua mensagem?
Quantos procuramos trilhar
Os caminhos que levem ao bem?
Quantos nos desviamos
Dos sentidos da Tua Palavra?
Quantos celebramos de fato
A vida em comunhão verdadeira?
Quem Tu és?
Senhor anunciado, adorado e seguido,
Perseguido, condenado e crucificado
Tu disseste “Meu reino não é daqui...”.
E o quanto pelo poder fincamos pé aqui?
Enquanto senhores da guerra
Dominam o mundo, como os antigos romanos
Constroem arsenais bélicos, invadem terras,
Matam inocentes, expandem seus domínios,
Proclamaste a palavra, em Tua curta passagem,
A Teus seguidores, para cumprir com amor,
Os desígnios de Deus, com apenas 33 anos,
Exemplo de doação, solidariedade e comunhão
Como não evoluímos bastante para entender
O significado de Tua vinda, e de compreender
As razões e as mensagens de Tua palavra,
De amor e de justiça aos apóstolos...
Nos tornamos cada vez mais consumistas,
Individualistas, egoístas, indiferentes
Aos grandes dramas cotidianos,
Sem tempo sequer para pensar...
Por qual razão aqui estamos? Afinal,
Para onde segue o comboio humano
Nos vagões sem destino ou esperança
Dos trens descarrilados da vida?
Quem Tu és?
Senhor que anuncias
O cumprimento das escrituras
Que passas pelos grandes flagelos
Cometidos pelos seres humanos
Quem Tu és?
Enfrentas a dor com serenidade
E curvas ante o peso da cruz
Divindade que se transmuta
Na humanidade, em Tua Via Crucis
Dá-me uma resposta:
Quem, por acaso, eu sou?
AjAraújo, o poeta humanista, escrito na páscoa de 2000, revisitado em 2016.
Art by Greg Olsen ~ Hope on the horizon
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