Acho que devemos agradecer (primeiramente) ao dialogo... e aos gregos.

O dialogo é o único meio que leva ao entendimento, é ‘conversando’ com o Outro que a gente o entende e se entende, também. Toda evolução do pensamento ( conhecimento) ocidental brotou da capacidade de se colocar questões , buscar respostas e se espantar (surpreender) por tudo que se encontra. Da admiração deste encontro, neste movimento / caminho, cresce e se desenvolve toda humanidade... nós e os Outros.

Deixo para vocês umas poucas palavras do genial Borges, um “amigo” que muito me ensina:


“ Uns quinhentos anos antes da era cristã aconteceu na Magna Grécia a melhor coisa registrada na história universal: a descoberta do diálogo. A fé, a certeza, os dogmas, os anátemas, s preces, as proibições, as ordens, os tabus, as tiranias, as guerras e as glórias assediavam o orbe; alguns gregos contraíram, nunca saberemos como, o singular costume de conversar. Duvidaram, persuadiram, discordaram, mudaram de opinião, adiaram. Quiça foram ajudados por sua mitologia, que era como Shinto, um conjunto de fábulas imprecisas e de cosmogonias variáveis. Essas dispersas conjecturas foram a primeira raiz do que hoje chamamos sem pompa, de metafísica ( além da física, das coisas naturais (empíricas) – uma especulação, conhecimento das coisas apreendidas pelos pensamentos (grifo meu) ). Sem esses poucos gregos conversadores, a cultura ocidental é inconcebível.”

( SOBRE A AMIZADE E OUTROS DIALOGOS, Hedra, 2009)





- O termo ‘metafísica’ apareceu a primeira vez , forjado por Andrônico de Rhodes, que ao compilar quatorze escritos de Aristóteles os considerou / denominou “além da Física”. Isso porque já tinha compilado , antes, oito escritos , do pensador, que tratavam da Física. No caso , dos textos que Andrônico chamou de “metafísica”, Aristóteles se referia ao estudo do ser em geral ( as causas primeiras de todas as coisas).

" ta meta ta phusika " - " a obra depois da Física"

(esqueci como usar o italico... de novo! )





ALICE LUCONI NASSIF

Vou arriscar responder.
Desde o aparecimento da humanidade a evolução tem-se feito muito com base nas necessidades físicas e espirituais do homem inserido num certo meio. Sendo este um ser eminentemente social, como é evidente a partilha de vivências, experiências para suprir necessidades é uma mola para a aprendizagem; nesta fase a tentativa e o erro fazem parte. Tantas vezes eram as buscas e os resultados inexplicáveis que a explicação ficava no plano do misticismo, da metafísica.
Consoante me apercebo a evolução do homem teve por base conceitos comuns, digamos que inatos, a muitas civilizações, mesmo estando estas distantes e sem contactos entre si.
Por exemplo, o machado é um símbolo comum a todas as civilizações, culturas; por vezes nem é preciso linguagem, porque a imagem diz tudo e faz parte do discurso, e mais do diálogo, e, mesmo que este seja mudo, nunca é surdo. O questionamento sempre fez parte do pensamento.
Os diálogos de Platão foram essenciais na construção do pensamento moderno, como ética, política, moral, social.
Um tema hoje muito interessante seria saber/discutir/dialogar se política deve ser regida pela ética, ou se esta na política pode ser afastada.

Olá Roque!

Excelente resposta!

Um belo e inteligente contributo ao tópico, que o enriquece e engrandece. O interesse era só de dinamizar temas relativos à evolução do pensamento, do conhecimento, da cultura e da literatura em geral.

E, mesmo estando me afastando do LUSO, não podia deixar de vir aqui, agora , te agradecer.

Obrigada, mesmo!


Bjs,


ALICE