À vossa apreciação crítica |
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sem nome
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Perguntam-me o que trago nas mãos ostras de plástico envoltas num bordado ponto de luz Perguntam-me se já fodi todos os dias em silêncio e quase sempre o silêncio Perguntam-me por palavras destiladas responder-lhes-á o meu fígado que Deus não oiça nem veja que Deus tropece nos dias. Nota: este poema está a marinar. não sei se o inclua no meu primeiro livro de poemas. tenho uma espécie de relação adúltera com o dito. enfim, coisas...digam!
Criado em: 5/6/2012 7:50
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Re: À vossa apreciação crítica |
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Membro desde:
1/12/2011 19:30 De Rio de Janeiro
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Perguntam-me o que trago nas mãos ostras de plástico envoltas num bordado ponto de luz Perguntam-me se já fodi todos os dias em silêncio e quase sempre o silêncio Perguntam-me por palavras destiladas responder-lhes-á o meu fígado que Deus não oiça nem veja que Deus tropece nos dias. ............................................................ Para mim, um poema instigante, quase uma prece às avessas onde o sujeito poético não pede por si, mas contra o Criador. Perguntamo-nos, inquirimos o poema e ele não nos oferece resposta alguma, talvez, um ponto de luz, o silêncio ou a resposta do fígado, de modo que o poema transita o tempo todo em torno da sugestão e do não dito. Há mesmo um profundo desejo de silêncio, de resguardo em que o privado permaneça intocado, ou seja, que ninguém o ouça, o veja e que até mesmo o próprio Deus, onisciente, não seja capaz de perscrutar a intimidade do sujeito. A resposta, se ela vier, e pudermos entendê-la, virá no máximo do fígado, das entranhas do poeta e, certamente, não será uma palavra. Penso que deve incluir o poema no livro. Grande abraço e sucesso.
Criado em: 5/6/2012 18:59
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Re: À vossa apreciação crítica |
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Colaborador
Membro desde:
24/4/2010 18:55 De Santo Antonio Cavaleiros
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Parece-me que o final não está à altura da primeira estrofe, mas é apenas um ponto de vista, que pode ser subjetivo, dado não conhecer o contexto em que o poema se insere. Se postasses o titulo do poema, talvez ajudasse, ou talvez não...
Há poetas que afirmam que um poema depois de concluído, jamais deverá ser mexido. Eu acho o contrário, todos os meus poemas são poemas inacabados, à espera de uma nova revisão ou um outro olhar... Enfim, acho que não ajudei muito... Sucesso para o teu livro. Abraço Runa
Criado em: 5/6/2012 20:59
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Re: À vossa apreciação crítica |
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Administrador
Membro desde:
27/10/2006 19:09 De Aguiar, Viana do Alentejo
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2118
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Quanto a mim o texto ou está extenso ou curto.
Está extenso no sentido em que ficaria completo só com as duas primeiras estrofes. Mas creio que, na realidade, está curto pois parece-me que não está completo. Parece-me que queres dizer mais mas que não queres dizer tudo, o que é bom para deixar margem ao leitor. No entanto, o que mostras é um exercício de estilo, que é a tua imagem de escrita. A última estrofe está bem escrita mas mal conseguida porque é quase taxativa. Desilude após a leitura das anteriores. Valdevinoxis
Criado em: 5/6/2012 21:12
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Re: À vossa apreciação crítica |
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Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31 De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens:
3755
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A escolha de um texto em detrimento de outro é algo tão dificil como escrever, ainda para mais na dúvida de incluir ou não num primeiro livro.
Um poeta meu amigo um dia disse-me “-Tenho 98 poemas e 120 dores de cabeça”, e já ia no 4º ou 5º livro de poesia. Vou tentar só dirigir-me ao texto: “Perguntam-me”, “fodi”, “Deus”, depois “ostras”, “silêncio”, “fígado” ou “palavras destiladas” por fim “envolver”, “tropeçar”. Qual a medida certa das palavras, qual a razão do seu aparecimento, Deus? Perguntaram-me? Fodi? Ou silêncio? ou... e poderia ir por aí fora mas a construção do mesmo pode ir um pouco mais ao intimo de quem o lê, assim e sem contestar se é um short texto, ou longo demais, e a estética do mesmo, eu li-o assim: Perguntam-me que trago nas mãos envoltas num bordado ponto de luz, ostras de plástico, responderei. Perguntam-me todos os dias em silêncio, se já fodi, quase sempre os silêncios tantos, responderei. Perguntam-me por palavras destiladas, que deus não o ouça, que tropeçe nos dias, que nem veja, responder-lhes-à meu fígado, direi. Foi assim que li o seu texto, as suas palavras estão todas lá, retirei a repetição de deus e juntei as palavras “responderei” “direi”,”silêncios” (plural) libertando as palavras mais fortes deus fodi ponto de luz, e vesti-o com outra forma. Pensei também na inclusão ou não de um ponto de interrogação no final de cada "Perguntam-me", achei desnecessário pois está subentendido. Desejo-lhe toda a sorte. Obrigado. Abraço-te
Criado em: 6/6/2012 3:27
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"Floriram por engano as rosas bravas No inverno:veio o vento desfolha las..." (Camilo Pessanha) http://ricardopocinho.blogspot.com/ ricardopocinho@hotmail.com |
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Re: À vossa apreciação crítica |
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Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41 Mensagens:
2207
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Sobre o que produz, ou divulga, o Cristóvão, uma vez escrevi no Luso-Poemas o seguinte:
"A primeira sensação ao entrar no universo do que o Cristóvão escreve é a de um palco, onde tudo se espera das personagens que por ali desfilam. Uma voz transfigurada pela ironia, muitas vezes até pelo cáustico. É assim que o leio, como se de uma teatralização se tratasse. O poema ou o texto reveste-se de gestos, silêncios, gritos, mas sobretudo de sombras e de ecos. Uma caixa repleta de ressonâncias. Talvez esta forma de estar em escrita, amplificando pela encenação, siga esta máxima que retiro de T. S. Eliot no seu conhecido poema “The Waste Land”: “I will show you fear in a handful of dust”. No entanto, o autor, esse comanda no lugar do ponto, enquanto escuta o respirar de quem o lê." E este seu trabalho reflecte, a meu ver, exactamente o que acima mencionava. Repare-se que é o eu o portador dos ecos, "Perguntam-me (..)" que serve de suporte, através da anáfora, a cada uma das estrofes, como se se tratasse de uma ressonância e, no entanto, quem (ou o que) se prepara para dar resposta, é um pedaço interior do eu, desta feita, o fígado, víscera que é usada em expressões como "tem maus fígados". E, de facto, tem ao finalizar com um desejo: "que Deus tropece nos dias". Repare-se que é Deus e não deus, um sinal de revolta com o Todo ou com Tudo, com esta forma de ser, de questionar tudo e mais alguma coisa, de se tentar entrar, quase direi, à força no domínio do estritamente pessoal e que, a personagem acima retratada, sente como intransmissível. Um abraço Xavier Zarco
Criado em: 6/6/2012 10:05
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Re: À vossa apreciação crítica |
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Administrador
Membro desde:
15/2/2007 12:46 De Porto
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pergunto o que achas?(és tão soberano quanto "criador de poesia)...as respostas(opiniões) dos outros é meramente acessório (digo eu) e, o que eu posso dizer acerca de...? o alguém já o disse: " cessa o poema...fica o fervilhar da ideia"
beijo
Criado em: 6/6/2012 22:56
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