Ardem sempre no meu fogo
As palavras que eu escrevo
Que são dirigidas ao povo
Palavras cheias de nervo.

Mas que o coração as dita
Pois que eu também sou povo
Mas esta minha sina maldita
Arde sempre no meu fogo.

(Povo que tanto lutas)

na vida
tudo acontece
muitas coisas
são banais
umas causam
alegrias
outras
ferem demais
...
sabemos
o que queremos
também
tudo que podemos
mas, a ética
determina
fazer só
o que devemos
...
faça para
teu próximo
o teu povo
coisas satisfatórias
aquelas
que dão orgulho
que terminem
em vitória
...
o certo
e o errado
não podem
se confundir
todos os atos
são regrados
pela moral
no agir
...
é na falta
do bem
que o mal
vai se propagar
devemos
considerar
qual ética
queremos adotar
...
para alcançar
a justiça
deve haver
entendimento
há deveres
há obrigações
ser ético
é comprometimento
...

[é dentro de cada um que a (r)evolução acontece]

[ por que não? ]


as palavras
sempre dizem
duas ou mais coisas

porque hoje
não é como
antes
no passado

as coisas
não se deixam mais
denominar
por uma única
palavra

a ambigüidade
e a incompletude
regem as palavras

não são como os
sonhos... perfeitos

são como a realidade
complexa e múltipla

nem o coração
se conhece mais

as incertezas
o devir
não permitem

à distância há amor
saudades

na proximidade
o estranhamento

o poeta
sabe disso
senhor das palavras

as fantasia da razão
escondem a confusão
e criam as ilusões

eternizam o finito
consentido
pela palavra razão

o exercício
da razão é ignorado
pelo poeta

ele vive sonhos
magias encantos
mascarado

é o romântico
o antigo
o clássico
o apaixonado

por que não?

o poema
é verdade
é mentira

é utopia

sem necessidade
alguma
de explicação...

Como se faz um poeta


Um poeta não se faz só de versos;


Como se faz um poeta:
Pique o coração em pedaços pequenos
3 chavenas cheias de erros
fatias imensas de tempo imperfeito
coloque uma pitada de amor mais que perfeito
coloque pó de mágos
sumo de abandonos
use a raiz de todos os problemas
não esqueça das gotas de desespero
e muito ,muito silêncio
um diabo pequeno
uma alma liquefeita- a sua
3 pitadas de morte
guarde tudo no fundo de si mesma(o) ,no fim de sete sempres
tome sete colheradas por sete nuncas seguidos.E não se esqueça de sacrificar o cão de estimação dos olhos.

há um tesouro
escondido
no profundo mar
do inconsciente

que em vagas brandas
de pensamentos
ascendem à superfície
e derramam
palavras secretas
desvelando
os mistérios
d´alma ...

é a fé
a força
desta alma
que se eleva
trazendo paz
e calmaria
em forma de poesia

para a mente
e o corpo que
fustigados tensos
necessitam...

e,
a poesia engaja

o poeta deve
ter orgulho
daquilo que é

humano...

jamais virar as costas
à sua humanidade
forte e frágil

pois,

a providência
divina tudo
determina...

Ser Poeta...

Quisera ser poeta, eu, enfim...
Do jogo das palavras, seu mister,
Buscar origem dos termos no latim,
Ou noutra qualquer fonte do saber.


Ser capaz de por em verso, algo de mim,
De minha alma, do profundo do meu ser,
Qual pétala de flor que num jardim
Exala assaz beleza por viver.


Porém, me quedo triste e solitário,
Trilhando o meu caminho com pesar,
As mágoas que me invadem são calvário,


Da vida que soçobra, sem retorno,
E ouso apenas estas linhas ensaiar,
Cansado, desiludido..., e já sem fôlego.


António Boavida Pinheiro

[ enigmas decifrados]


é na leitura do mundo
que apre(e)ndo
a vida (des)velada
nas palavras

disparadas
no âmago desta
experiência lida
sentida vivida

a memória é a matriz
geradora deste arco
que vergo lançando
versos... frases

ela cinzela
com a intuição
existências...

e,

o alvo é o Outro
é a realidade

que re-crio re-vivo
neste movimento
onde re-leio o mundo
expandido re-inventado
na linguagem... do poema

das palavras guias

luzes que iluminam
enigmas decifrados

vivo em demasia
a loucura
do mundo todo
que há mim

talvez um sonho
ou uma verdade
que se quer
vontade minha
que desconheço

essa ingrata
que se quer
inteira e livre
só para mim
expõe-se assim
sem limites
desenquadrada
do espaço
que me aguarda
sempre

[ trilha da liberdade ]


os versos se perfazem
um a um vão brotando
como flores de um jardim secreto
cultivado no silêncio dos segredos
da emoção... lume e guia

as palavras se escrevem
como trilhas luzentes
do poema que
espontâneo se compõe
clamando pela liberdade

dos sentires
dos pensamentos...

A terra húmida sob os pés
Vida que passa descalça
Por ser tão livre como criança
Ou arvore de fruto
Ou erva daninha.

Faço a minha casa nos teus olhos
Uma espécie de amor
Que trago à noite
Com jardins e com vento
Para dormirmos bem.

Sobre a vida
Falo te amanhã
Vamos dormir agora
Abraçados a esta filosofia
Imperfeita como os homens.

Para sempre a vida
Talvez um ciclo
Esqueci uma religião que falava disso
Sintonia e equilíbrio
Para sempre, acredita

Quando partir ficarei ao teu lado
E levo-te comigo
No aroma de uma essência
Tão básica e natural
Que não existe.