Comentário a "Poema do Contrabando", de Alemtagus |
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6/11/2007 15:11 Mensagens:
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Pois, reli... Os meus pais são do distrito de Vila Real. Vieram, sem ser a salto (ou será afinal a assalto?), para Lisboa, cá se conheceram e constituíram família. Engraçado encontrar um regionalismo transmontano num alentejano de gema. A fronteira entre Portugal e Espanha tem muitos km sem postos de controle. Há picos de serra a separar-nos, ou searas magníficas, alguns rios - natureza. Mas foi a miséria que empurrou milhares por essa linha imaginária, durante décadas, onde num momento se fala português e no outro já se fala castelhano, ou galego. Há caricaturas, feitas por franceses, do emigrante português, bem decadentes. Tal era a nossa falta de tudo, até e sobretudo, de instrução. Restava-nos a abnegação que nos tinha trazido à terra dos avecs. Neste Poema de Contrabando, acho que o produto mais caro é o poema em si. Ele está cheio de taninos bem fortes, árduos de engolir. há um verso que se repete: "...Bágoas no olhar e um tiro certeiro..." de estrofe para estrofe, ele surge, primeiro no primeiro verso, depois no segundo, depois no terceiro... E fico com a impressão que, se houvessem mais estrofes ele continuaria a descer. Como as "...Bágoas..." no rosto. Pergunto-me, se todos os que leram, leram como como eu, um ponto de interrogação no verso final... Abrilada forte Poema de Contrabando Bágoas no olhar e um tiro certeiro Que ali lhe deixou a vida marcada Dois montes e uma ribeira a salto Pão mais água para um dia inteiro Campo para deitar a vida cansada À mercê da noite caída de assalto Na lembrança três sorrisos tristes Bágoas no olhar e um tiro certeiro Trémulos medos que dão coragem Aquela voz a dizer que tu resistes Onde dois se olham no frio rueiro Onde fusco t'esgueiras à margem Do horizonte um destino tão longe Que te arrasta esse corpo a passo Bágoas no olhar e um tiro certeiro Chuva que afoga a dor que punge Num dito não d'outro sim escasso D'exigentes farsas de muambeiro Leva de ti o que te morre primeiro A dor de orgulho ou medo de fome Mulher e filhos ou o dia de amanhã Bágoas no olhar e um tiro certeiro Porque se a saudade nunca dorme Será a nobre liberdade quimera vã Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377477 © Luso-Poemas
Criado em: Ontem 9:04:35
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Re: Comentário a "Poema do Contrabando", de Alemtagus |
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Membro de honra
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24/12/2006 19:19 De Montemor-o-Novo
Mensagens:
3743
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Engraçado encontrar um regionalismo transmontano num alentejano de gema.
Talvez deva começar por aqui. É um facto, o regionalismo é transmontano, mas pergunto eu, se nos restringíssemos ao nosso espaço não seríamos seres limitados? É essa, creio eu, uma das muitas atraentes vantagens da aventura linguística lusíada, o podermos apoderar-nos do que é nosso por direito, o mundo lusófono é Português, Brasileiro, Angolano, Moçambicano, Timorense, Guineense, Indiano, Macaense e muito mais. Não precisamos de acordos ortográficos para nos entendermos, precisamos de nos escrever. A análise histórica, também sublinhada antes, é incontornável e as marcas que deixou no passado prolongam-se por muitos futuros, sem que devam ser esquecidas, são lições do tempo, dos outros tempos. Bágoas no olhar e um tiro certeiro Sim, leste bem a intenção. Uf! Apanhaste-me com a questão do ponto de interrogação. Fui reler a estrofe com esse ponto e fiquei na dúvida se devia colocá-lo ou deixar assim, à vontade do leitor. Decidi que cada um devia decidir opor si. Mas é pertinente a questão de duvidar e bastante válida... Porque se a saudade nunca dorme Será a nobre liberdade quimera vã? Agradeço o que me acrescentas Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377477 © Luso-Poemas
Criado em: Ontem 9:36:17
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