Comentário a "O cigarro e o fumante" de Srta.M.Diniz

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6/11/2007 15:11
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Tenho de comentar este poema.

O título apresenta-nos os protagonistas. Acredito que a ordem de apresentação se reflita no autor, na importância que as personagens podem ter.
Normalmente, o cigarro vem primeiro do que muitas outras coisas, para quem o fuma. No que toca a dependências, não raro, o objecto de vício passa à frente do viciado com muita facilidade. Os toxicodependentes que o digam. Ou os alcoólicos.

A segunda estrofe.
Dois versos duma dimensão inusitada. Porque fiquei meio perdido na verbo tragar e a esbarrar no verbo trazer. Gostei do travo da ambiguidade.
E de como parece estarmos no meio de um diálogo em que o fumante (gosto de fumador mas fumante coloca-me num fumador amante) justifica o hábito com um "posso senti-la em meus lábios" e as imagens surgem... há um certo erotismo.
Mas o último verso, áspero, quase bruto, deixa-nos num patamar de desprezo fácil e previsível, com uma rima a meio de verso que lhe dá uma sonoridade singular. Um verso muito escarrado. Escarrado de bom.

A fala do cigarro (primeiros dois versos), não são tão convincentes, sendo o primeiro verso uma antítese da força simples dos restantes.
Ainda assim, há um lado futurista trágico com o "...cancerígeno..". Os estudos feitos sobre o fumo não enganam e está provado pela comunidade científica, também em doenças cardiovasculares. E outras.
Tem um quê de mágico, também. De tradução de introdução na idade adulta.
Quantos adolescentes não tentaram mostrar que já não eram crianças por fumarem?
Um acto íntimo e ao mesmo tempo social.

Mas há amargura no segundo verso.
Em todos nós.


O cigarro e o fumante


Serei teu cancerígeno produto, tão formidável tabaco
Entrarei em teus pulmões, para te libertar do teu amargo .


Eis que quando te trago, posso senti-la em meus lábios
E quando te escarro, você é apenas um cigarro.

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Criado em: Ontem 18:44:34
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