comentário a “sete poemas de segunda numa segunda-feira” de RehggeCamargo |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Publicar sete poemas no mesmo ficheiro tem algumas desvantagens. Há “...bobagens...” pelo “...caminho...” que afastarão certas almas mais sensíveis da avaliação de excelente. As “palavras de ordem” abundam por aqui. Nota-se no autor um despojamento que roça o prosaico, mas depois vive-se a poesia de intervenção em muitos momentos, verso sim, verso não. Os “sete poemas de segunda numa segunda-feira” têm essa presunção: de não serem de primeira. Nisto acho que se falhou, porque pelo menos um puxou-me o comentário, penso. Como quero me focar apenas num, não irei dizer nada sobre o trocadilho do título dos sete. Dos números ordinais perante um cardinal que me diz bastante, apenas porque nasci num dia sete. Ou do facto de o primeiro dia da semana não ser um primeiro, porque nesse não se trabalha. Chamar ao domingo primeira-feira era engraçado, penso novamente. Como foi decidido que não teriam títulos individualmente, irei identificar um deles pelo ordinal. O sexto merece o meu destaque porque andei meio pessoano e deu-me para lembrar o Alberto Caeiro no seu verso “...o melhor do mundo são as crianças...”. Além de ter sido uma e ainda me considerar uma, há sempre uma promessa em potência, nesses de palmo e meio, que me energiza. Há uns anos trabalhei directamente com miúdos, naquilo que chamamos de ATL (actividades de tempos livres) e foi uma paixão concretizada que tive, mais tarde de abandonar. É verdade que os miúdos podem ser cruéis, mas a hipótese salva-os, se comparados com os adultos. A não crueldade nos adultos é uma escolha consciente. Os poemas que abordam as assimetrias sociais e assuntos como a miséria, são sempre para ter em conta. Depois este poema tem versos de inegável beleza. Por exemplo: “... pois a política de um dedo em riste aponta o quão triste são todas as estações em que desembarcam os olhares de crianças...” As alusões a regimes políticos cheios de ditados no “..riste...” de “...um dedo...” tão sem graça; na rima não forçada; as metáforas da outra estrofe; o absolutismo em vista. Mas não podiam também fugir uma pitada de lugares comuns que são monstros da escrita poética, que neste poema surge na forma dos dois últimos versos. A “...esperança...” é mesmo “a última a morrer” e vive guardada na caixa de Pandora. no trem uma criança pobre pede um biscoito a mãe de chinelo de dedo isso me entristece pois a política de um dedo em riste aponta o quão triste são todas as estações em que desembarcam os olhares de crianças que nem sabem da pobreza extrema de todos que veem elas descerem do trem que vai e volta lotado de esperanças
Criado em: 14/5/2023 5:19
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