AS MAIS BELAS CRÍTICASDE MACHADO DE ASSIS |
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26/7/2009 18:46 De Rio de Janeiro - RJ.
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Este é um trabalho de crítica. O título vem de uma analogia com aquelas coleções que estão presentes em nossos anos iniciais de leituras: “Os contos mais belos da infância”, “As mais belas poesias da literatura brasileira”, “As mais belas crônicas de um determinado autor”, “Os mais belos contos de fadas”, etc., aqui, são críticas, porém, as mais bem escritas, mais profundas, aquelas que venceram a corrida contra o tempo, as mais belas.
São trinta e seis artigos críticos publicados em duas edições, uma de 1910, a coleção dos autores célebres da literatura brasileira, livraria Garnier, localizada no Rio de Janeiro e apresentada e organizada por Mário de Alencar e outra, de 1997, obras completas de Machado de Assis da editora Globo, localizada em São Paulo. Mais duas críticas esparsas nas seguintes edições: Iracema, coleção prestígio da editora Ediouro de 1995, Rio de Janeiro, com introdução de M. Cavalcanti Proença e Guerra do Alecrim e da Manjerona, também da coleção prestígio e editora Ediouro, sem data, com introduções de Raul Magalhães Júnior e Machado de Assis. Das trinta e oito foram escolhidas doze como as mais belas sendo que a crítica sobre o romance Iracema e a comédia de Antônio José constam nas duas edições de crítica, a de 1910 e a de 1997. É um trabalho de reunião das duas edições, ou seja, as melhores críticas das duas edições. As quatro críticas iniciais foram retiradas da edição de Mário de Alencar, são elas: Literatura Brasileira – Instinto de nacionalidade, (escrito assim na publicação da editora Garnier) – Notícia da atual Literatura Brasileira – Instinto de nacionalidade (editora Globo); Castro Alves (Carta a José de Alencar); O Primo Basílio (1878) de Eça de Queirós; Fagundes Varela, e as seis finais da edição da editora Globo: O Culto do Dever romance de Joaquim Manuel de Macedo; Cantos e Fantasias, poesias de Fagundes Varela; Lira dos Vinte Anos, poesias do jovem Álvares de Azevedo; Sinfonias, poesias de Raimundo Correia; Alberto de Oliveira: Meridionais (poesias) e José de Alencar: O Guarani. Constam nas duas edições: Literatura Brasileira – Instinto de nacionalidade, Castro Alves, O Primo Basílio, Fagundes Varela. Antes de reunidas em edições, foram publicadas em diversos jornais cariocas. Este trabalho não é obra do Machado de Assis, autor romântico da primeira fase, mas sim, de um Machado crítico, pouco conhecido dos leitores, aqui não encontramos as palavras que estão em: Ressureição (1872), o primeiro romance; A Mão e a Luva (1874) Guiomar é a mão e Luís Alves a luva; Helena (1876), puro encanto e Iaiá Garcia (1878) o último ato de romantismo da fase inicial de Machado. E nem é o escritor realista da segunda fase de: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) – obra que dá início ao Realismo no Brasil; Quincas Borba (1891), o maravilhoso Quincas Borba, o filósofo megalomaníaco, mas, no fundo, um homem de bom coração; Dom Casmurro (1900) e Capitu, a bela Capitu, afinal: traiu ou não? Assim chegamos aos dois romances finas: Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Também não é o contista genial e pouco estudado, que apresenta suas joias literárias como: Missa do Galo, Conto de escola, Uns braços, O Alienista, Noite de Almirante, O enfermeiro, O espelho, Teoria do Medalhão e muitos mais, todos insertos em: Contos fluminenses (1870); Histórias da meia-noite (1873); Papéis avulsos (1882); Histórias da casa velha (1884); Várias histórias (1896); Páginas recolhidas (1899) e Relíquias da casa velha (1906). A crítica em machado não tem somente o sentido que lhe dá o dicionário, ou seja: arte de julgar obras literárias, artísticas ou científicas; apreciação escrita dessas obras, do grego chritike. Devemos atentar também para o verbo criticar: examinar notando a perfeição ou defeitos de, dizer mal de; censurar. Não é destrutiva, invejosa, derrotista, é uma crítica de análise, de profundidade, de observação. O autor não ataca, primeiramente constrói todo um conhecimento, fato que torna o texto interessante e agradável, gostoso de ser lido; explica, e corrige os defeitos quando há necessidade. Com o desenvolvimento da crítica, o escritor vai fazendo menções de suas leituras das literatura universal, da literatura portuguesa e da literatura brasileira contemporâneas; aponta falhas, faz análise sobre os literatos do seu tempo, disparando farpas contra O Primo Basílio de Eça de Queirós, faz alusões aos poemas de Cantos e Fantasias de Fagundes Varela, aponta todo o talento de Castro Alves, sobre O Culto do Dever de Joaquim Manuel de Macedo diz: “É um mau livro como A Nebulosa é um belo poema.”; faz muitos elogios ao romance indianista Iracema de José de Alencar, e aponto todos os argumentos utilizados na confecção da obra-prima, citamos aqui o magnífico parágrafo: “A fundação do Ceara, os amores de Iracema e Martim, o ódio de duas nações adversárias, eis o assunto do livro. Há um argumento histórico, sacado das crônicas, mas esse é apenas a tela que serve ao poeta; o resto é obra da imaginação. Sem perder de vista os dados colhidos nas velhas crônicas, criou o autor uma ação interessante, episódios originais, e mais que tudo, a figura bela e poética de Iracema”. O autor é bem revelador em relação ao precoce Álvares de Azevedo e a Lira dos Vinte Anos, lembra-nos do sentimentalismo exagerado, o mal do século, que atingiu o jovem autor e muitos outros literatos (Varela, Casimiro, Junqueira Freire, o próprio Álvares, etc.); diz-nos todas as belezas d’O Guarani, e deixa um breve relato sobre o final de Alencar: Jamais me esqueceu a impressão que recebi quando dei com o cadáver de Alencar no alta da essa, prestes a ser transferido para o cemitério. O homem estava ligado aos anos das minhas estreias. Tinha-lhe afeto, conhecia-o desde o tempo em que ele ria, não me podia acostumar à ideia de que a trivialidade da morte houvesse desfeito esse artista fadado para distribuir a vida. Mostra-nos o talento de Antônio José, o Judeu na comédia Guerra do Alecrim e da Manjerona sem esquecer a tragédia do Judeu perante à impiedosa Inquisição portuguesa; e finalizando este trabalho de crítica, mostra-nos toda a beleza da musa Erato (amável) nas poesias líricas das Sinfonias do parnasiano Raimundo Correia e das Meridionais do também parnasiano Alberto de Oliveira.
Criado em: 26/5/2014 2:44
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Augusto de Sênior (Amauri Carius Ferreira) (FERREIRA, A. C.) |
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