Comentário a "primavera de um dia" de Gillesdeferre |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. O título deixou-me um pouco perplexo. De certa forma submetia-me a duas possibilidades: 1. a fugacidade dos acontecimentos, ou das coisas que nos agradam, uma vez que a primavera tem geralmente 90 dias. 2. os adventos fora de sítio, e lembrei-me do verão de S. Martinho, do qual esta "primavera de um dia" seria uma versão. Estruturalmente este poema tem duas estrofes. Uma quadra e um terceto. A quadra tem a métrica em crescendo de verso para verso. O poema, na sua aparência, vai crescendo. O terceto, passa por uma certa simetria, sendo que o segundo verso tem apenas duas palavras. Duas estrofes bem diferentes. Na primeira quadra começamos a ler uma antítese suave: afinal, há pouca mansidão na corrida, na minha opinião. A passagem do tempo é a primeira constatação que nos é colocada. A seguir é-nos servida uma redundância subtil: "...parece disfarçada...". Gosto muito dos dois versos que fecham a quadra. Voltamos ao disfarce com o fingimento. Talvez esteja a ignorar a metáfora do poeta. Seremos todos os que arrogamos a escrever, demónios? O terceto é uma afirmação de esperança que me agrada. A "...manhã sem sinónimos..." é também uma bela metáfora, que, para mim, declara claridade, verdadeira, que não carece de tradução. Resumindo, a primavera não dura sempre, essa jovialidade, renascimento, fim das agruras do inverno. E se for apenas por um dia, bem, é melhor do que nada... primavera de um dia os dias correm mansos numa primavera que parece disfarçada simulando as aprazíveis manhãs de pássaros madrugadores capturados pelo demónio transparente de umas asas fingidas. louvo a primavera que há de vir de novo em manhãs sem sinónimos Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377530 © Luso-Poemas
Criado em: 8/4 21:50
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Comentário a "O Amor", de Luxena |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. A tentativa (de fazer um poeminha cinético) ficou um pouco gorada. Há contudo movimento, no quarto e quinto versos da primeira estrofe; há a criação de um anagrama sem lógica que propõe ao leitor um exercício de adivinhação, que não é muito difícil de descodificar. afinal: "...M s o s ai u meno..." é "...Mais ou menos..." basta "mexer" nos dois versos e tentar, entre as letras neles existentes, palavras que façam sentido. Eu achei sentido nestas. Na segunda estrofe acontece o mesmo de uma forma mais simplificada. Perdeu-se o anagrama. Contudo, acho que o último verso ganharia essa forma desejada se a primeira letra fosse escrita em minúscula, ou seja, "...a s S im..." dando à palavra que compõe todo o verso um aspecto de pico a meio, com o S maiúsculo. Com o A maiúsculo perde-se o efeito. Podemos dividir o poema ao meio, em duas estrofes. A divisão é mais estrutural do que temática, ou tentando definir oposições. Elas complementam-se. O lado naif do poema, não deixa de ter originalidade, e graça. O sujeito poético inicia o poema com uma acusação. E grave. Afinal, em muitos países a traição é condenada com a pena de morte. E gosto muito da ideia do amor nos incutir sensação. As cores ficam mais coloridas, os sabores mais saborosos, as canções fazem sentido, e os cheiros têm mais cheiro. Boa rima. E será um engano do amor? Ou será engano a ausência desse deslumbre, sem ele? A "...loucura...", depois, é demonstrada pelo anagrama supracitado. Realmente, mais confusa na primeira estrofe. A segunda estrofe é uma declaração de amor ao "Amor". Por aquilo que é evidente nele. A euforia que nos traz à vida. Acho que as "...expectativas..." do oitavo verso poderia ter sido escrita no singular, apenas por rigor de rima, e por não incorrer em erro ortográfico ou gramatical. Um poemeto bem interessante. Define O Amor com simplicidade e engenho. Tenho lido o que a Luxena tem escrito com alguma atenção e parece-me que tem pontos de vista bem interessantes e esmera-se no que nos apresenta em muitos aspectos. Aguardo-a noutros registos. E mais poemas. O Amor Olha como o amor é traiçoeiro Ele te faz pensar que as flores têm cheiro Nos traz loucuras sem fim M s o s ai u meno assim Mas eu gosto dele Eu fico criando expectativas Eu não pareço mais uma morta-viva A s S im Tentativa de fazer um poeminha cinético. Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377465 © Luso-Poemas
Criado em: 6/4 10:06
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Re: Comentário a "Poema do Contrabando", de Alemtagus |
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Engraçado encontrar um regionalismo transmontano num alentejano de gema.
Talvez deva começar por aqui. É um facto, o regionalismo é transmontano, mas pergunto eu, se nos restringíssemos ao nosso espaço não seríamos seres limitados? É essa, creio eu, uma das muitas atraentes vantagens da aventura linguística lusíada, o podermos apoderar-nos do que é nosso por direito, o mundo lusófono é Português, Brasileiro, Angolano, Moçambicano, Timorense, Guineense, Indiano, Macaense e muito mais. Não precisamos de acordos ortográficos para nos entendermos, precisamos de nos escrever. A análise histórica, também sublinhada antes, é incontornável e as marcas que deixou no passado prolongam-se por muitos futuros, sem que devam ser esquecidas, são lições do tempo, dos outros tempos. Bágoas no olhar e um tiro certeiro Sim, leste bem a intenção. Uf! Apanhaste-me com a questão do ponto de interrogação. Fui reler a estrofe com esse ponto e fiquei na dúvida se devia colocá-lo ou deixar assim, à vontade do leitor. Decidi que cada um devia decidir opor si. Mas é pertinente a questão de duvidar e bastante válida... Porque se a saudade nunca dorme Será a nobre liberdade quimera vã? Agradeço o que me acrescentas Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377477 © Luso-Poemas
Criado em: 6/4 9:36
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Comentário a "Poema do Contrabando", de Alemtagus |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Pois, reli... Os meus pais são do distrito de Vila Real. Vieram, sem ser a salto (ou será afinal a assalto?), para Lisboa, cá se conheceram e constituíram família. Engraçado encontrar um regionalismo transmontano num alentejano de gema. A fronteira entre Portugal e Espanha tem muitos km sem postos de controle. Há picos de serra a separar-nos, ou searas magníficas, alguns rios - natureza. Mas foi a miséria que empurrou milhares por essa linha imaginária, durante décadas, onde num momento se fala português e no outro já se fala castelhano, ou galego. Há caricaturas, feitas por franceses, do emigrante português, bem decadentes. Tal era a nossa falta de tudo, até e sobretudo, de instrução. Restava-nos a abnegação que nos tinha trazido à terra dos avecs. Neste Poema de Contrabando, acho que o produto mais caro é o poema em si. Ele está cheio de taninos bem fortes, árduos de engolir. há um verso que se repete: "...Bágoas no olhar e um tiro certeiro..." de estrofe para estrofe, ele surge, primeiro no primeiro verso, depois no segundo, depois no terceiro... E fico com a impressão que, se houvessem mais estrofes ele continuaria a descer. Como as "...Bágoas..." no rosto. Pergunto-me, se todos os que leram, leram como como eu, um ponto de interrogação no verso final... Abrilada forte Poema de Contrabando Bágoas no olhar e um tiro certeiro Que ali lhe deixou a vida marcada Dois montes e uma ribeira a salto Pão mais água para um dia inteiro Campo para deitar a vida cansada À mercê da noite caída de assalto Na lembrança três sorrisos tristes Bágoas no olhar e um tiro certeiro Trémulos medos que dão coragem Aquela voz a dizer que tu resistes Onde dois se olham no frio rueiro Onde fusco t'esgueiras à margem Do horizonte um destino tão longe Que te arrasta esse corpo a passo Bágoas no olhar e um tiro certeiro Chuva que afoga a dor que punge Num dito não d'outro sim escasso D'exigentes farsas de muambeiro Leva de ti o que te morre primeiro A dor de orgulho ou medo de fome Mulher e filhos ou o dia de amanhã Bágoas no olhar e um tiro certeiro Porque se a saudade nunca dorme Será a nobre liberdade quimera vã Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377477 © Luso-Poemas
Criado em: 6/4 9:04
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Re: Comentário a "Azul para iniciantes", de Vânia Lopez |
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6/11/2007 15:11 Mensagens:
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És um santo...
Obrigado pela leitura atenta. Feita a correcção... Abraço
Criado em: 2/4 11:10
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Re: Comentário a "Azul para iniciantes", de Vanda Lopez |
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"Vanda" ou "Vânia"? Confundes-me.
Criado em: 2/4 9:22
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Comentário a "Azul para iniciantes", de Vânia Lopez |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Parece um poema próprio de quem pinta dando uma aula de poesia. O título está muito bem conseguido. Tem toda a imagem de alguém que procura transmitir um ensinamento valioso. Ou de alguém que tem de o receber. No segundo caso, é uma lição de humildade. Iniciar-se em alguma coisa tem dois objetivos possíveis: ou concluir, ou ficar a meio. No primeiro estamos perante um mestre que conhece os vários momentos da aprendizagem, pois já passou por eles, e sabe que o que está a transmitir não é um conteúdo para aprendizes mais avançados. Mas, para quem começa. Mas começar o quê? Um adjetivo. Azul é uma cor primária. Ou talvez seja o ciano, mas para os que nem começaram é azul e pronto. Ser azul, por exemplo, para os anglo-saxónicos, é ser, ou estar triste. Pode ser também representativo de imensidão. Como o encontramos num céu de verão, ou nos oceanos. É, por isso, o Azul, uma metáfora rica de significados. Ou terá pelo menos estes dois. Para quem pinta, é uma forma de chegar ao verde, ao roxo, ao castanho, a tantas tonalidades que não caberiam num livro. Fugindo ao título,... a segunda estrofe é uma beleza: você em sânscrito foste verbo que entendi do mesmo jeito que imagino o céu com manchas de tinta no pincel (vou até achar o erro de concordância como preciosismo ao autora, a quem tenho enormíssimas dificuldades em achar erros deste tipo) O poema é fechado em chave de ouro. Há uma riqueza vocabular imensa, uma capacidade gigante de criar imagens inusitadas e agradáveis para o leitor. Este, ao contrários de outros da autora, deixou-me bem leve... Azul para iniciantes de manhã janelas entreabertas flores sonolentas parecia um esboço de paz você em sânscrito foste verbo que entendi do mesmo jeito que imagino o céu com manchas de tinta no pincel tão bíblico como você e eu como nossas besteiras arrastadas no tempo… os rádios anunciavam um paraíso para iniciantes Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377444 © Luso-Poemas
Criado em: 2/4 8:04
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Re: Novo livro de Alemtagus! |
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24/12/2006 19:19 De Montemor-o-Novo
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Agradecido Paulo. O projecto, apesar de já contar com muitos anos de "estudo", ainda agora está no seu início, mas está a ser prazeroso e todos vocês, de uma ou de outra forma, têm ajudado no seu desenvolvimento. Ler-vos é também uma aprendizagem.
Criado em: 29/3 11:42
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Re: Novo livro de Alemtagus! |
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12/12/2011 10:29 De Lagos
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Olá Alentagus Fernando Saiote,
Não posso deixar de felicitá-lo pela concretização deste magnífico projeto. Penso que todos nos sentimos igualmente lisonjeados por o ter partilhado connosco. Abraço Paulo
Criado em: 27/3 18:14
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Re: Novo livro de Alemtagus! |
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Estou a ficar comovido com estas mensagens, porém, e além de servirem para engordar o meu ego, as mesmas servem para dar alento à continuação do projecto. A todos agradeço e peço que divulguem pelos vossos contactos.
Criado em: 26/3 21:47
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