subjaz silêncio
na pétala dum malmequer aberto
bem-querer em trilho dócil
terra batida no âmago desta Lezíria.
avanço na manhã calada
e danço o olhar sereno por sobre a tela que se me oferece:
terreiro harmónico de espanto
em que me perco, milionésima partícula de nada.
detenho-me numa papoila. irmana com o trifólio de cinco folhas,
lado a lado.
cinjos numa braçada
d’amor
verde
vermelha a cor
folhas dissemelhantes
desde livro tecido aos mistérios da natureza humana
linhas em fio
palavras e asas
soltas
ao vento que passa que as agita
trespassa
e alto voa.
voam as palavras desamarradas da desordem interna.
subjaz o canto
o canto multicelular do verbo, o desejo hermafrodita
de ser, do papel, a letra e a tinta
pálida
incerta
tela
nudez
gazela livre e solta
subjaz a limpidez de olhar
[e a vontade de sentir o teu beijo na pele de minha boca]
horizonte vasto onde estrelas ainda estão por nascer
no ventre consumado
no ventre acasalado de ser poeta e ser mulher
talvez!
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